FUNCIONALISMO-RACIONALISMO-ORGANICISMO
Em determinado momento do estudo dos fundamentos teóricos do modernismo é importante tentar compreender melhor as diferenças de cada postura ou proposição. No caso de uma comparação de três correntes principais da arquitetura modernista, há que se considerar, por um lado, certa superposição ou mesmo redundância de aspectos, desde uma base de procedimentos que permanece estável e não é questionada. Por outro, há que se discernir as preferências por esta ou aquela solução, ou seja, pela primazia de certos aspectos em detrimento de outros. Por exemplo, não seria redundante invocar-se uma arquitetura racionalista (mais racional) como antípoda de uma arquitetura organicista (menos racional), esquecendo-nos do papel do funcionalismo que há em ambas? Um primeiro passo para tentar compreender este dilema então repousa justamente no conceito de excelência subjacente a cada um delas, para depois compreendermos melhor como cada uma se relaciona com as outras. O segundo passo, por sua, vez se assenta nos protótipos edilícios e urbanísticos que exemplificam as pretensões de um desenho do habitar contemporâneo.
FUNCIONALISMO
Na arquitetura entende-se como um princípio pelo qual se tem como prioridade a função do edifício; posteriormente a forma, se é que este é um aspecto que deva ser considerado. Se pudermos resumir numa fórmula, teríamos algo como Forma = Função, justa e sem resíduos, com ênfase na solução técnica.
PROPOSTA
Vanguarda social: arquitetura como ação social; mais como ofício do que como arte; mais como organização do que criação.
CONCEPÇÕES
Neue Sachlichkeit - prioridade para as necessidades sociais, habitação social, função social da construção, conhecimento científico, trabalho coletivo.
CONCEITOS CHAVE
Redução de custos, soluções técnicas, programas sociais, diagramas, coordenação modular, funcionalidade interna do espaço habitacional.
REPERCUSSÃO
Densificação urbana, habitação social, tecnocracia.
NOMES RELACIONADOS
Hannes Meyer - Gewerkschaftsbund (1929)
Ernst May
L. Hilberseimer
A. Sartoris
Sullivan
LEITURA OBRIGATÓRIA
Hannes Meyer. Die neue Baulehre (1929)
Em determinado momento do estudo dos fundamentos teóricos do modernismo é importante tentar compreender melhor as diferenças de cada postura ou proposição. No caso de uma comparação de três correntes principais da arquitetura modernista, há que se considerar, por um lado, certa superposição ou mesmo redundância de aspectos, desde uma base de procedimentos que permanece estável e não é questionada. Por outro, há que se discernir as preferências por esta ou aquela solução, ou seja, pela primazia de certos aspectos em detrimento de outros. Por exemplo, não seria redundante invocar-se uma arquitetura racionalista (mais racional) como antípoda de uma arquitetura organicista (menos racional), esquecendo-nos do papel do funcionalismo que há em ambas? Um primeiro passo para tentar compreender este dilema então repousa justamente no conceito de excelência subjacente a cada um delas, para depois compreendermos melhor como cada uma se relaciona com as outras. O segundo passo, por sua, vez se assenta nos protótipos edilícios e urbanísticos que exemplificam as pretensões de um desenho do habitar contemporâneo.
FUNCIONALISMO
Na arquitetura entende-se como um princípio pelo qual se tem como prioridade a função do edifício; posteriormente a forma, se é que este é um aspecto que deva ser considerado. Se pudermos resumir numa fórmula, teríamos algo como Forma = Função, justa e sem resíduos, com ênfase na solução técnica.
PROPOSTA
CONCEPÇÕES
Neue Sachlichkeit - prioridade para as necessidades sociais, habitação social, função social da construção, conhecimento científico, trabalho coletivo.
CONCEITOS CHAVE
Redução de custos, soluções técnicas, programas sociais, diagramas, coordenação modular, funcionalidade interna do espaço habitacional.
REPERCUSSÃO
Densificação urbana, habitação social, tecnocracia.
NOMES RELACIONADOS
Hannes Meyer - Gewerkschaftsbund (1929)
A. Sartoris
Sullivan
LEITURA OBRIGATÓRIA
Hannes Meyer. Die neue Baulehre (1929)
RACIONALISMO
A designação arquitetura racionalista surgiu em meados da década de 1920, no período do entre-guerras e que procurava agregar à certa tradição arquitetônica os insumos técnicos e sociais de uma nova era. Admitiam o apriorismo da forma, desde que intermediado pela função. A malha compositiva era tema recorrente desta proposição, e servia como anteparo ao desenvolvimento do programa.
Há aí muita semelhança com as vanguardas pictóricas, principalmente o Cubismo. Caracteriza-se pela predileção por formas geométricas elementares e ortogonais, pela correspondência "ponderada" entre forma e função, pelos grandes planos envidraçados (fachada livre) e pela preocupação com espaço interno ("promenade architecturale"). Fazia uso de novos materiais da época como o concreto (estrutura independente), o aço e o vidro em composições marcadas fundamentalmente pela cor branca.
Destaca-se, aí, as propostas de Le Corbusier, na França e de Giuseppe Terragni, na Itália.
PROPOSTA
Tradição neoclássica: modernização, atualização.
CONCEPÇÕES
Sistemas construtivos homogêneos, paredes brancas, supressão da materialidade, sistema compositivo elementar (ex: os cinco pontos).
CONCEITOS CHAVE
Composição, regularidade, homogeneidade, malha compositiva x malha estrutural (regulares), dissociação estrutura x programa.
REPERCUSSÃO
Contraste com a natureza, apriorismo das formas, tecnocracia.
CONCEPÇÃO URBANA
Cidade de três milhões de habitantes, modelo de densificação urbana.
NOMES RELACIONADOS
Le Corbusier - Villa Savoye (1931); Maison Dom-ino; Maison Citrohan (1920); Maison Laroche (1924); Soviete Supremo; Liga das Nações.
G. Terragni - Casa del Fascio (1936)
A designação arquitetura racionalista surgiu em meados da década de 1920, no período do entre-guerras e que procurava agregar à certa tradição arquitetônica os insumos técnicos e sociais de uma nova era. Admitiam o apriorismo da forma, desde que intermediado pela função. A malha compositiva era tema recorrente desta proposição, e servia como anteparo ao desenvolvimento do programa.
Há aí muita semelhança com as vanguardas pictóricas, principalmente o Cubismo. Caracteriza-se pela predileção por formas geométricas elementares e ortogonais, pela correspondência "ponderada" entre forma e função, pelos grandes planos envidraçados (fachada livre) e pela preocupação com espaço interno ("promenade architecturale"). Fazia uso de novos materiais da época como o concreto (estrutura independente), o aço e o vidro em composições marcadas fundamentalmente pela cor branca.
Destaca-se, aí, as propostas de Le Corbusier, na França e de Giuseppe Terragni, na Itália.
PROPOSTA
CONCEPÇÕES
Sistemas construtivos homogêneos, paredes brancas, supressão da materialidade, sistema compositivo elementar (ex: os cinco pontos).
CONCEITOS CHAVE
Composição, regularidade, homogeneidade, malha compositiva x malha estrutural (regulares), dissociação estrutura x programa.
REPERCUSSÃO
Contraste com a natureza, apriorismo das formas, tecnocracia.
CONCEPÇÃO URBANA
Cidade de três milhões de habitantes, modelo de densificação urbana.
NOMES RELACIONADOS
Le Corbusier - Villa Savoye (1931); Maison Dom-ino; Maison Citrohan (1920); Maison Laroche (1924); Soviete Supremo; Liga das Nações.
ORGANICISMO
O pulso organicista da arquitetura modernista surge nos Estados Unidos consubstanciada pelas obras de Louis Sullivan e Frank Lloyd Wright. O vínculo com a doutrina de Viollet-le-Duc é manifesto principalmente no segundo, que via a edificação menos como uma máquina do que como um organismo. Há, porém, uma corrente européia, um pouco mais tardia que se desenvolve principalmente na Escandinávia, notavelmente pelos trabalhos de Alvar Aalto.
As obras destacam-se pelo mimetismo (sem distinção ou contraste entre edifício e entorno); individualismo (soluções individualizadas de acordo com o sítio e as exigências dos usuários); coincidência da estrutura, forma e programa (integração do edifício à sua forma estrutural); sistemas construtivos múltiplos, malhas múltiplas ou heterogêneas e a expressão da natureza dos materiais (em seu estado bruto o natural, sem reboco).
PROPOSTA
Tradição neogótica: analogia biológica.
CONCEPÇÕES
Sistemas construtivos múltiplos, composição associativa, Gesamtkunstwerk, o edifício como um organismo.
CONCEITOS CHAVE
Sistemas construtivos múltiplos, decomposição, irregularidade, heterogeneidade, malhas múltiplas (nem sempre ortogonais), estrutura, forma e programa.
REPERCUSSÃO
Individualismo, anarquismo, mimetismo, presença da natureza, adequação ao sítio, cultura ornamental, bem-estar, terapêutica.
CONCEPÇÃO URBANA
Broadacre City, modelo de densificação urbana, cidade linear.
NOMES RELACIONADOS
F.L. Wright - Bear Run (1948), Robie House (1909), Taliesin West (1937)
A. Aalto - Biblioteca de Viipuri (1935)
OBRAS E OBJETOS DE REFERÊNCIA

Robie House - F. L. Wright
Casa Fallingwater - F. L. Wright

Museu Guggenheim - F. L. Wright

Clube dos Trabalhadores em Jyväskylä, 1924 - A. Aalto

Biblioteca de Viipuri - A. Aalto
LEITURA OBRIGATÓRIA
F.L. Wright. In the Nature of Materials (1942)
O pulso organicista da arquitetura modernista surge nos Estados Unidos consubstanciada pelas obras de Louis Sullivan e Frank Lloyd Wright. O vínculo com a doutrina de Viollet-le-Duc é manifesto principalmente no segundo, que via a edificação menos como uma máquina do que como um organismo. Há, porém, uma corrente européia, um pouco mais tardia que se desenvolve principalmente na Escandinávia, notavelmente pelos trabalhos de Alvar Aalto.
As obras destacam-se pelo mimetismo (sem distinção ou contraste entre edifício e entorno); individualismo (soluções individualizadas de acordo com o sítio e as exigências dos usuários); coincidência da estrutura, forma e programa (integração do edifício à sua forma estrutural); sistemas construtivos múltiplos, malhas múltiplas ou heterogêneas e a expressão da natureza dos materiais (em seu estado bruto o natural, sem reboco).
As obras destacam-se pelo mimetismo (sem distinção ou contraste entre edifício e entorno); individualismo (soluções individualizadas de acordo com o sítio e as exigências dos usuários); coincidência da estrutura, forma e programa (integração do edifício à sua forma estrutural); sistemas construtivos múltiplos, malhas múltiplas ou heterogêneas e a expressão da natureza dos materiais (em seu estado bruto o natural, sem reboco).
PROPOSTA
CONCEPÇÕES
Sistemas construtivos múltiplos, composição associativa, Gesamtkunstwerk, o edifício como um organismo.
CONCEITOS CHAVE
Sistemas construtivos múltiplos, decomposição, irregularidade, heterogeneidade, malhas múltiplas (nem sempre ortogonais), estrutura, forma e programa.
REPERCUSSÃO
Individualismo, anarquismo, mimetismo, presença da natureza, adequação ao sítio, cultura ornamental, bem-estar, terapêutica.
CONCEPÇÃO URBANA
Broadacre City, modelo de densificação urbana, cidade linear.
NOMES RELACIONADOS
F.L. Wright - Bear Run (1948), Robie House (1909), Taliesin West (1937)
A. Aalto - Biblioteca de Viipuri (1935)
OBRAS E OBJETOS DE REFERÊNCIA
![]() |
Robie House - F. L. Wright |
![]() |
Casa Fallingwater - F. L. Wright
|
![]() |
Museu Guggenheim - F. L. Wright |
![]() |
Clube dos Trabalhadores em Jyväskylä, 1924 - A. Aalto |
![]() |
Biblioteca de Viipuri - A. Aalto |
LEITURA OBRIGATÓRIA
19 comentários:
Os modelo urbanos do racionalismo sempre buscaram aumentar a densidade urbana, Quais as vantagens e desvantagens disso? E como poderiam ser minimizados os aspectos negativos?
O aflorar de emoções que acreditava-se ter levado o mundo à 1ª GM deixou uma reflexão de que a razão deveria dominar a natureza e seus processos. Disso se estabeleceu a corrente estética do Racionalismo onde os elementos deveriam ser previstos, controlados e manipulados a partir de uma intenção preestabelecida. O total controle dos processos humanos, o de como habitar, o do ir e vir é aqui determinístico. O resultado é uma recusa das formas comprometidas com a cidade antiga havendo uma rejeição e destruição dos próprios centros históricos. São propostas as tipologias das torres, do bloco e dos conjuntos habitacionais e a cidade passa a ser zonificada desqualificando a integração recíproca de elementos morfológicos que constituem a estrutura urbana. Pensa-se na habitação como uma ‘máquina de morar’ e na cidade como agregador de um máximo de habitantes em um mínimo espaço possível para que haja uma maior otimização dos usos. A cidade racionalista neste caso parece estar associada à quantificação na medida em que serieliza a construção da habitação como uma indústria faz com sua produção. A intenção socialista de absorver um maior número de habitantes e de forma igualitária é o que pode ser mencionado como aspeco positivo da cidade proposta por esta corrente estético-filosófica. O que podemos apontar como negativo é o resultado desta intenção: uma cidade de escala monumental onde a relação humana com o entorno imediato é suprimida e desagregada. Uma cidade controlada não consegue prever todos os processos de uso de uma sociedade que se transforma constantemente. Pensamos que o que pode reduzir a desintegração causada pela densificação urbana é o abastecimento de equipamentos de uso coletivo de lazer e de serviços que não obedeçam a qualquer zonificação.
Comentário em nome de Amanda Diesel; Bárbara Pedó; Graziela Venzon; Diovane Pedruzzi e Taísa de Andrade
Está faltando imagens da Broadacre City e mais notas sobre o Alvar Aalto.
Os países escandinavos conheceram uma passagem muito mais suave do que os demais países europeus entre a antiga economia artesanal para a economia industrial. Desse modo, a produção industrial de objetos e edifícios pôde ser realizada sem perder por completo o nível e a qualidade dos produtos realizados artesanalmente.
Nesses países, surgiu uma busca de caminhos para o problema da expressão de uma arquitetura nacional, que até o final da II Guerra era sem expressão. Assim, buscou-se como influência algumas correntes de pensamento nacionalista que surgiram na Alemanha do séc. XIX e que alcança toda a cultura arquitetônica do final do séc. XX.
O clima tem influência marcante nessa arquitetura no sentido que ele obriga uma definição muito mais cuidadosa do meio arquitetônico onde habita o homem, insistindo na escala humana e psicológica da arquitetura . A dureza do meio ambiente em certas épocas precisa ser compensada com o conforto do ambiente interior que abriga a existência cotidiana e dos espaços públicos.
Nesse contexto, a partir da década de 30, Alvar Aalto revela qualidades expressivas em sua obra que permaneciam ocultas no Movimento Moderno e uma nova visão de espaço humano habitado, de cunho humanístico e romântico, sem contudo estar determinada por uma relação exclusivamente local e provinciana. Aalto possui uma produção marcada pelo contexto da Arquitetura finlandesa e sua expressão regional – exploração de materiais tradicionais e técnicas associados à arquitetura vernácula e uma sólida base de modernidade (pretensa base científica, racionalidade analítica e uma arquitetura progressista e humanista). A linguagem de Aalto, como principal expoente do novo empirismo nórdico, irá influenciar muito fortemente a nova forma de expressão arquitetônica da Itália, Grã-Bretanha e, nos anos 1950, a Espanha.
Como principais características de sua obra, podemos citar a capacidade de outorgar identidade e existência a cada parte do edifício, o cuidado e admiração pelas qualidades concretas dos materiais, permitindo relançar o uso de materiais tradicionais como tijolo e madeira na arquitetura moderna. Além disso, há uma preocupação pela situação do edifício e por sua colocação no entorno, com um método projetual aberto, baseado em articular, deslocar e girar corpos de um edifício. Ainda, suas referências são mais livres em relação às tipologias ortogonais, com conjuntos heterogêneos, articulados e flexíveis.
Comentário em nome do grupo: Danielle Cunha, Eduardo K. , Ezequiel Jacques, Leonam Pereira, Letícia Weijh, Paulo Giacomelli
Postado por Danielle Cunha dia 24 de junho de 2014
O funcionalismo parece ser um enigma cultural. Se nos excedermos na funcionalidade, escorregamos para a analogia orgânica. Então a postura funcionalista também parece se auto-impor um limite, no sentido de impedir a configuração de um projeto de autoria ou de expressão de um estilo individual. Seria possível, portanto, entender o funcionalismo como uma arquitetura sem estilo? Que fatos ou obras que poderíamos aventar ou exemplificar neste sentido?
O estilo arquitetônico é uma qualidade em arquitetura que permite que a construção se transforme em protótipo e se replique, independentemente do meio em que está inserida e de seu programa específico. Levando isso em consideração, ao analisar o funcionalismo, pode-se dizer que ele é uma arquitetura sem estilo, pois ele se auto-impõe um limite ao impedir a configuração de um projeto de autoria ou de estilo individual na medida em que o projeto se define pela função do programa que está destinado a abrigar.
Hannes Meyer, por exemplo, acreditava que a arquitetura deveria ser apenas a expressão formal de um programa definido pelas necessidades do usuário, e o arquiteto, portanto, é apenas a ponte entre os determinantes e a forma final do projeto.
“1. Vida sexual., 2. Hábitos de dormir, 3. Animais de estimação, 4. Jardinagem, 5. Higiene pessoal, 6. Proteção contra intempéries, 7. Higiene no lar, 8. Manutenção de automóveis, 9. Cozinhar, 10. Aquecimento, 11 . exposição ao sol, 12 serviços -. estes são os únicos motivos ao construir uma casa. Examinamos o cotidiano de quem vive na casa e isso nos dá o diagrama funcional. Diagrama funcional e o programa econômico são as determinações principais do projeto de construção.“ (Meyer, 1928)
Um exemplo concreto dessa expressão é o Bairro Torten, em Dessau, projeto de Gropius, que responde da maneira objetiva ao programa do morador para o qual o projeto foi idealizado. Levou em conta ainda a racionalização do trabalho no local e da utilização de materiais disponíveis. Assim, foi possível que os trabalhadores comprassem as unidades já concebidas para esse fim. A última leva de casas foi modificada, uma vez que as necessidades dos moradores foi atualizada ou até mesmo repensada (na unidade de estudo os peitoris acabaram se mostrando altos demais para o uso).
A combinação da busca de um novo caminho para o homem no pós-guerra e as possibilidades tecnológicas geradas pela Segunda Revolução Industrial levaram ao desenvolvimento do Racionalismo na Arquitetura. Este movimento repelia a arquitetura simbólica e ornamental do período anterior, buscando uma estética mais simples, sem qualquer ornamentação e predominantemente funcional. Louis Sullivan, um dos primeiros arquitetos a defender essa arquitetura racionalista, afirmou que “a forma segue a função”. A relação com o passado e influência cultural eram totalmente rejeitadas em troca de uma “arquitetura internacional”, globalista e, de certo modo, sem qualquer estilo ou identidade. O projeto era definido não pelo usuário, mas pela função. A casa não era mais um lar, mas uma máquina de viver.
A cidade utópica idealizada por Le Corbusier chamada Ville Radieuse talvez seja um dos exemplos mais claros disso. Ela previa a total aniquilação das cidades e tradições anteriores para ser substituída por uma cidade com grandes arranha-céus, malha rígida e ortogonal, de altíssima densidade e extremamente zoneada. Não apenas a cidade não seria influenciada pelos seus habitantes, mas os influenciaria, criando uma sociedade melhor. Essas cidades se reproduziriam por todo o mundo, sem alterações em resposta as diferentes culturas e costumes. Sua aplicação acarretaria numa infinidade de cidades não identificáveis, todas de uma ordem clara e funcional, mas sem qualquer relação com seus habitantes.
Comentário em nome do grupo: Gabriela Zanin ,Giana Flores da Rocha, Rafaela Brando Xavier, Samuel Jachetti
O funcionalismo é a cozinha da arquitetura moderna. Mas uma vez resolvido o problema (a cozinha de Frankfurt, por exemplo), o que mais há para ser resolvido? A atitude funcionalista transparece mais quando os problemas são críticos, como no caso da habitação social. Mas sobrevivem fora disto? Nas propostas racionalistas e organicistas o funcionalismo está bem presente, ainda que "diluído" entre outras questões. Neste contexto, que projetos ou obras poderiam exemplificar isto?
Comentário em nome do grupo: Débora Piccoli, Franciele da Rosa, Frantchesca Vaccari, Júlia Franco, Juliana Souza, Louise Biz, Luísa Castilhos
Parte 1 - O funcionalismo surge na primeira metade do século XX, em um contexto pós guerra de alteração do centro econômico da Europa para os Estados Unidos e, mais do que isso, do surgimento de um pensamento socialista, impulsionado pelo proletariado. Para essa massa populacional, desenvolveram-se conceitos funcionalistas de habitação mínima e máquina de morar, que visavam, a partir da repetição e modularidade, contemplar o máximo de pessoas possível no menor espaço e com custo reduzido. Isso só foi possível a partir da inovação tecnológica no campo dos materiais como o plástico e o vidro e do uso em larga escala do aço. Ficaram em segundo plano os ornamentos e a forma; o arquiteto é apenas o mediador entre um programa de necessidades e o projeto de caráter plenamente funcional; não são considerados fatores culturais dos usuários, tampouco do entorno construído. Neste contexto surge a máxima de Sullivan “A forma sempre segue a função” que se torna, então, lema do funcionalismo. Outra frase emblemática do período é a de Muthesius “casas são para viver, não para serem olhadas”. Assim, surge o “estilo internacional” - denominação surgiu no MoMA em 1932, momento em que Le Corbusier, Gropius, Oud e Mies são intitulados líderes da nova arquitetura. Repetem-se padrões em diversos lugares do mundo: materiais pré-fabricados, simplificação dos volumes, geometrização das formas, paredes lisas e brancas, sem decoração, fachadas de vidro, abolição das paredes internas e preocupação com a ergonomia. Os processos de criação arquitetônica deixam de ser apenas artísticos para contemplarem questões sociais, políticas e econômicas; o destinatário das obras deixa de ser o indivíduo culturalmente formado e passa a ser a coletividade. Para Gropius a perfeição era dada pela qualidade, do resultado exato do equilíbrio entre função, forma e uso. Atualmente, fica evidente o fracasso desta utopia da standardização para a habitação, sem relação com o usuário, oposta aos ideais de seus arquitetos inauguradores quando propuseram a organização como estruturação social; além dos refutados modelos de Le Corbusier nas unidades de habitação ou cidades para milhões de habitantes. A inovação estrutural da época que permitia tal qualidade é a planta livre. As paredes não mais a desempenham um papel estrutural da edificação, sendo apenas elementos de vedação limitadores de espaço. O funcionalismo se propõe como uma vertente que se disvirtua do modo de se fazer arquitetura anteriormente.tais características assim analisadas parece servir apenas arquitetura social. Contudo, isso não é verdade. O caráter da arquitetura funcional está sobretudo na disposição espacial. Para o Racionalismo, através de traços cubistas e formas simples como círculos e retângulos, por exemplo, valoriza-se, através da razão, apenas o necessário e funcional para a edificação. Aqui a forma também segue a função, sendo ela oriunda da mente e pensada matematicamente em sua criação, sendo pura e com eixos ortogonais. Assim, a planta pode ser concebida a partir de elementos (pilares e vigas) repetidos e organizados em uma malha com dimensões constantes, caracterizando uma fluidez espacial antes não possibilitada, podendo o interior da edificação ter inúmeras disposições, sendo escolhida aquela que mais de adequa a função do local.
Comentário em nome do grupo: Débora Piccoli, Franciele da Rosa, Frantchesca Vaccari, Júlia Franco, Juliana Souza, Louise Biz, Luísa Castilhos
Parte 2 - Portanto, é preciso utilizar-se dessas características base, tais como a tecnologia dos materiais, modulação e planta livre e, além disso, a individualidade de cada projeto; tendo em mente a cultura do local e as necessidades do usuário em questão. Podemos citar como bons exemplos da modularidade, estrutura independente, forma pura e eixos ortogonais, atrelados a um programa de necessidades específico: a Casa Três Pátios - Mies Van der Rohe e a Casa Grelha - FGMF, mais contemporânea; que são arquiteturas funcionais mas que também são obras particulares, adequam-se ao terreno, não sendo apenas uma repetição de edificações.
Um exemplo do funcionalismo diluído na arquitetura racionalista é a Villa Savoye, de Le Corbusier. Em que existe uma preocupação muito forte com a funcionalidade do edifício, mas também com a estética e com sensação espacial dentro dele. Por fora aparenta ser um prisma branco único, porém dentro a criação da planta livre, dos terraços e das rampas dá uma sensação maior de conforto e de fluidez para o ambiente. Outra obra em que se percebe essa situação é na Casa de Fascio, de Giuseppe Terragni, em que por fora é percebida uma forma pura e com estrutura aparente, mostrando os níveis do edifício, porém em seu interior se configura um pé direito duplo e traz uma sensação de amplitude e hierarquia para o ambiente.
O funcionalismo é entendido pela priorização da função do edifício e posteriormente a forma dele, neste contexto pode-se verificar a presença da tríade de Vitrúvio, pois a utilidade, beleza e solidez são prioridades no processo de criação de uma arquitetura que prioriza a coordenação modular, soluções técnicas, redução de custos e funcionalidade interna dos espaços.
Quando a proposta arquitetônica é racionalista, o funcionalismo esta presente na regularidade, utilização de malha compositiva e na preocupação da composição. Já na arquitetura organicista, mesmo com o ideal de mimitismo, o funcionalismo pode ser lido nos sistemas construtivos múltiplos, na composição associativa e nas malhas, que nem sempre eram ortogonais, mas estavam presentes para auxiliar no método construtivo da forma.
Dessa forma o funcionalismo pode ser visto em obras racionalistas arquitetônicas como o Edifício Novocomum, onde a sua função esta muito associada a sua forma. O edifício, em formato ortogonal de “c” com a entrada demarcada por um elemento circular, abriga apartamentos que estão dispostos segundo uma coordenação ao longo de um eixo central. Também está presente em obras urbanísticas como “A cidade de três milhões de habitantes”, do Le Corbusier, onde a forma da cidade é basicamente uma malha ortogonal e a distribuição das edificações seguem a função que elas iram exercer. Dessa forma a cidade foi dividida em uma série de layers ou níveis de ocupação, que de acordo com sua função modifica seu formato.
Já em obras organicistas o funcionalismo está presente de maneira menos evidente. Um bom exemplo arquitetônico dessa simbiose pode ser vista na “Casa Fallingwater” do Wright. Apesar de o arquiteto alegar que a casa é totalmente integrada com o local onde foi implantada e não se preocupar com uma malha compositiva, onde ela seria mais um organismo que uma máquina, pode-se ver claramente uma decomposição da forma, presença de uma malha estrutural para realizar a forma da casa de acordo com o sítio. Esse princípio também é visto em obras urbanísticas como a “Broadacre City”, onde temos uma malha uniforme, contínua, que se alastra indeterminadamente, sem fronteiras. Onde o cidadão urbano torna-se um camponês, pois o campo é que ganha vida sobre a forma de uma grande cidade.
Sendo assim, fica evidente que ocorre uma intenção de apropriação dos conceitos do funcionalismo em ambas as demais correntes arquitetônicas e que elas possuem a proposta de melhoria desse lançamento inicial de conceito.
O funcionalismo e o organicismo compartilham muitos aspectos e, dessa forma, em geral, não é muito fácil diferenciar um do outro à primeira vista. Neste caso será que conseguiríamos apontar, com um olhar mais atento, pelo menos três diferenças efetivas entre ambos, ou seja, que permitam entendê-los como eventos diferenciados?
Sobre a arquitetura funcionalista e a organicista podemos apontar três diferenças:
1º - Na Arquitetura funcionalista não há intenção estética prévia. Por assim dizer, um resultado estético na arquitetura funcionalista é a consequência do emprego correto dos materiais de acordo com as exigências econômicas e técnicas, uma vez que a arte é vista como composição, e não como algo funcional. Já na arquitetura organicista a intenção plástica está latente, pode-se ver o gesto arquitetônico inspirado pela natureza, na decomposição e abstração das formas regulares.
2º - Enquanto o movimento organicista buscava integrar-se na paisagem, valorizando fortemente a relação edifício x entorno e o caráter individual do projeto, de acordo com sua localização e finalidade, o funcionalismo, tinha como prioridade manter o caráter internacional e os projetos visavam unicamente atender as necessidades sociais.
3º - O funcionalismo tinha intenção essencialmente de transformar as edificações em uma máquina de habitar, enquanto o organicismo as via como organismo a serem relacionados ao seu contexto. Ou seja, obras da arquitetura funcionalista prezavam a redução de custos, soluções técnicas, programas sociais, diagramas, coordenação modular, funcionalidade interna do espaço habitacional enquanto obras da arquitetura organicista destacavam-se pela coincidência da estrutura, forma e programa (integração do edifício à sua forma estrutural) com sistemas construtivos múltiplos, malhas múltiplas ou heterogêneas e a expressão da natureza dos materiais (em seu estado bruto o natural, sem reboco).
O organicismo e o funcionalismo compartilham características, porém é possível identificar diferenças fundamentais:
Enquanto o organicismo tem como conceito-chave a integração com a paisagem através de um diálogo do objeto com o entorno, o que lhe confere unicidade/individualidade, o funcionalismo tem por característica a internacionalização, de modo que os objetos não têm forte relação com o contexto, podendo ser inseridos em diferentes lugares do mundo sem que haja perda de seus princípios estruturadores.
O princípio norteador da estética no organicismo está pautado pela afirmação de que “a arte imita a natureza” através da discussão entre forma, função e estrutura que se integram como em um organismo vivo que cresce segundo leis de harmonia com as próprias funções; há liberdade plástica, complexidade e variedade. Já no funcionalismo, o objeto visa atender à organização dos processos sociais sem grande preocupação plástica, de modo que a forma segue o princípio de “utilitas”, de onde derivam linhas retas, formas geométricas simples com uso de diagramas funcionais.
Como o funcionalimso é pensado para o consumo em grande escala e melhoramento das condições sócio-econômicas em um contexto de reestruturação social, há grande preocupação com a redução de custos. Isso se traduz no seu caráter internacional, na pré-fabricação, coordenação modular, redução de ornamentação (que também é característica do organicismo). Já no organicismo, não há essa preocupação, sendo que cada projeto é pensado de maneira individual com suas especificações de materiais; os projetos de Frank Lloyd Wright tinham altos custos e eram voltados para clientes de alto poder aquisitivo.
Ana Luísa Wulfing, Brenda Klein, Camila Alberti, Camila Benneman, Daniel Marosin, Isadora Wagner
Os modelos urbano apresentados por Le Corbusier na Cidade de Três Milhões de Habitantes e por F. L. Wright na Broadacre City apresentam horizontes opostos para o desenvolvimento das cidades modernas. De qualquer forma, seria possível apontar algumas coisas boas e coisas ruins nos dois, tais como... (cite e comente).
A cidade de Wright é uma completa rejeição à cidade americana do princípio do século XX. A cidade passaria a ser descentralizada, uma influência do crescimento dos subúrbios norte-americanos, e abandonando a ideia de um distrito de negócios central e o pedestre como elemento em destaque. Nessa utopia, o automóvel passaria a ser o protagonista. Apesar de distante, é como se Wright antevisse a cidade americana contemporânea, na qual a infraestrutura de mobilidade urbana tem como principal modal o carro. Portanto, mesmo que de forma teórica, a Broadacre City desestimula os diversos modais. Em contraponto a essa ideia de priorizar o carro em seu plano, Wright leva em consideração que a comunidade nasceria de doações de lotes de aproximadamente 4000m², praticamente, um esquema político-social. Portanto, nessa cidade, os socialmente desfavorecidos teriam espaço para adquirir suas próprias unidades habitacionais individuais. Além disso, a cidade seria descentralizada com a presença de núcleos auto-suficientes em direção aos subúrbios. Com isso, os deslocamentos seriam menores. Essa ideia é extremamente interessante, pois busca aliar um modelo de cidade viável, organicista e democrática. Contudo, enfraquece-se no sentido de se basear na doação de lotes, pois, Wright negava a intervenção dos agentes do Estado e, para que sua teoria sucedesse, seria necessária sua interferência. Contrapondo esse aspecto utópico de Wright, Le Corbusier levava em consideração em seus planos o arquétipo necessário para estabelecer a cidade proposta. Ainda que não possamos culpabilizar Wright pelo fenômeno urbano das cidades americanas atuais, é possível identificar a prioridade que o automóvel assume nas duas questões, a contemporânea e a Broadacre city.
Já o projeto para a cidade de três milhões de habitantes de Le Corbusier segue na linha do pensamento racionalista do período em que foi elaborado, após a Primeira Guerra Mundial. O conceito de máquina de morar, de uma habitação moderna que pudesse abrigar as necessidades de uma população em um período entre-guerras, em que as cidades estavam sendo reconstruídas era essencial na elaboração dos projetos arquitetônicos e urbanos. Em termos urbanísticos, planos de cidades divididas por suas funções, habitar, recrear-se, circular e trabalhar segregavam os edifícios e os centros, com o objetivo maior de densificação urbana. Essa ideia opõe-se à Broadacre city de Wright, que descentralizava, mas unia funções. Essas cidades propostas pelos racionalistas tinham como conceito a replicação infinita em qualquer sítio, como um modelo ideal urbano. Essa característica acabava por não respeitar questões abordadas por exemplo pelos arquitetos da década de 50, como Aldo Rossi, com a teoria de genius loci, onde cada local tem uma história que deve ser estudada e preservada. Ideias como quanto mais densifica-se, mais cria-se superfícies arborizadas são consideradas avançadas para a época, visto que a preocupação com o meio ambiente em projetos foi iniciada posteriormente, com a crise do petróleo na década de 70, com a período do brutalismo tardio.
Ana Clara da Silva, Bruna Pisoni, Debora Boniatti, Luzia Zalamena, Milene Junges, Marina Luz, Sabrina Hennemann
Grupo 3 - Filipe - Gabriel - Guilherme - Pedro
O preciosismo da Obra de Le Corbusier, Giuseppe Terragni, Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto está comedido em escalas diferentes da primazia; todavia, um aspecto é unânime na observância elencada: a elementaridade formal e material que assume a obra de todas eles. É uma arquitetura contundente, autossuficiente e livre das contaminações hipotéticas que hoje se tornaram regra tão recorrente do discurso contemporâneo da arquitetura.
Certos de que a arquitetura é incorruptível, ambos se encontram emancipados no resguardo da pureza de sua humildade. Sim, humildade, porque afinal, a essência da arquitetura é a matéria, que é um objeto, inanimado por sinal, e o desígnio de sua semântica é capricho da inventividade humana; claro, do mesmo modo que se verifica à uma das elaborações hominídeas que mestres como os evocados provam sim ir bem sucedida: a arquitetura.
Embora hoje tão vulnerável à volupta da efemeridade estética, engrene à passividade medíocre. Talvez pela pasteurização a que ficaram expostos os arquitetos, obrigados a passar pela conversão acadêmica para pegar o canudo e enfim praticar arquitetura, tolhidos à pífia escolha que se vê resignada o seu ofício.
Desde que a sistemática acadêmica passou a engendrar a arquitetura, com seu acervo de tratados cada vez mais sofisticados, até a atual circunstância, em que a prática da arquitetura é privilégio de arquitetos diplomados, parece que a arquitetura alienou-se no seu propósito e razão elaborativa.
A parafernália admitida pelo seu discurso soa cada vez mais vazia; sua tônica mostra sempre assumir uma lógica sequestrada de um retórica pré-concebida e canônica [esta embora criticada, repercutiu mais num brainwashing modernista] que não convence, reverberando postiça e dissimulada. A impressão que se têm é que se busca a todo custo um patamar de diferenciação, fruto inclusive desse apuro histórico e estético-evolutivo, inerente a um status quo de refinamento que deve ser mantido, mesmo que para isso seja preciso solicitar a forja e o resultado se denuncie de longe desastroso.
Sente-se falta de uma arquitetura sincera, verdadeira, íntegra, que lance mãos dos pastiches compositivos do enunciado estilístico. Talvez por isso estacionamos na eterna dependência dos grandes mestres e estamos condenados à subserviência. Então, superado este aposto, coloquemos em voga novamente os arquitetos a que evocamos no início desse texto, e que nos remetem a uma bela experiência arquitetônica.
Giuseppe Terragni declina a presteza de sua poética ao fascismo. Mesmo assim, o empirismo de sua arquitetura moderna corteja a racionalidade do legado clássico e culmina numa síntese formal inédita. Sobriedade e seriedade que também se faz clara em Le Cobusier; evidência disso é o seu rigor compositivo típico e a alusão constante a Palladio.
Os ditames de Le Corbusier [pilotis, planta livre, fachada livre, janela em fita, teto jardim] são formulações sempre inerentes à sua arquitetura e nunca aparecem enrustidos. Na Casa del Fascio Terragni se apropria dos cânones corbusianos concebendo um prisma e quadrado perfeito; todavia contestado: o volume não está suspenso sobre pilotis, e as fachadas não são livres com respeito à armação estrutural...
Grupo 3 - Filipe - Gabriel - Guilherme - Pedro
... Não obstante, como na Villa Savoye, prevalece a promenade, com quatro frentes todas dissimétricas; em ambos os casos a horizontalidade também governa: a linha humana perfeitamente modulada e orquestrada, que analogamente aparece resplandecida na Cidade Radiosa de Le Corbusier. Nem é surpresa alguma que hoje Le cobusier também seja acusado de fascismo.
Outrora, numa frente do modernismo categorizada como organicista, Frank Lloyd Wright nos impressiona com um minimalismo que Alvar Aalto leva às últimas consequências do trato, num cuidado tão primoroso que remete ao preciosismo do Art Nouveau (a obra de arte total).
Os projetos de Wright, seja a nível urbano ou arquitetônico, são a manifestação da apoteose do subúrbio americano. De fato a arquitetura amorfa, horizontal e centrifugo-retículo-laminar das Praire Houses não teria terreno mais adequado senão os mini-latifúndios urbanos da Broadacre City.
Aspirações e devaneios à parte, Wright era um adepto do Raumplan (desenvolvimento da planta em diferentes cotas) de Adolf Loos, recurso que Aalto emprega com destreza na Biblioteca de Viipuri. As clarabóias cilíndricas e o teto flutuante lançados por Aalto na biblioteca (soluções típicas do trabalho do arquiteto) também são aspectos que vem a compor posteriormente a léxica dos edifícios de Wright, sobretudo numa fase mais tardia, de vocabulário circular e majoritariamente dedicada à arquitetura coorporativa e institucional.
Antes a iniciar uma especulação sobre o meandro modernista atinente a estes casos, indiferente ao teor de sua natureza humana ou anti-humana – crítica enfadonhamente exaltada na atualidade - e certo de que não queremos aturdir o que está além do elementar, melhor encerrar este elenco. E a arquitetura dos grandes mestres dispensa discursos, quanto mais prolixos, pois já basta em si mesma.
Postar um comentário