BRUTALISMO (ANOS 50 E 60)
O Brutalismo insere-se no contexto histórico do período Pós-Segunda Guerra até pelo menos fins da década de 1970. Privilegiava a ”verdade estrutural” das edificações, de forma a nunca esconder os seus elementos estruturais, através do uso do concreto armado aparente ou destaque dos perfis metálicos de vigas e pilares.
As arquiteturas brutalistas de cada país ou região guardam proximidades entre si e assumem em cada caso características peculiares, seja trabalhando outras influências, seja enfatizando diferentes aspectos tecnológicos e construtivos, e distintos debates éticos e conceituais, conforme seus marcos culturais.
Um de seus grandes nomes foi Le Corbusier, que desenvolveu o Modulor, um sistema de proporções baseado na medida da altura de um francês médio e que servia para dimensionar suas obras.
Já a difusão do conceito se deve ao trabalho do Prof. Reyner Banham, designer que procurava relacionar este tipo de tipo de atitude projetual à emergência da cultura de massas e aos novos veículos de propagação desta cultura como o rádio, a televisão, o cinema, os shows, a propaganda e as histórias em quadrinhos.
Habitat e tecnologia.
PROPOSTA
Cultura pop, sociedade de consumo, modelos urbanos, protótipos habitacionais.
CONCEPÇÕES
Estandardização, urbanização massiva, mega-estruturas, autópolis (motopia), mobilidade (transportes), sociedade de consumo, anti-estetismo.
EXPRESSÕES CHAVE
Mega-estruturas, sistemas, perecibilidade, modularidade, habitat, nomadismo, high tech, tectonicidade, béton brut, tecnolatria, tecno-burocracias, célula habitacional
EVENTOS
CIAMs
NOMES RELACIONADOS - EUROPA
SUÍÇA
Le Corbusier - Capela de Ronchamp (1950-55), Convento de La Tourette (1957-60), Chandigardh (1952-59), Unidade de Habitação de Marselha
INGLATERRA
James Stirling - Escola de Engenharia de Leicester (1960-63), Faculdade de História de Cambridge (1964-67)
Norman Foster
Allison e Peter Smithson
ITÁLIA
Renzo Piano - Centro Pompidou (1977)
Richard Rogers - Lloyd's Bank (1979-89)
Norman Foster - Shanghai Bank (1979-86), Terminal de Stansted (1980-91)
NOMES RELACIONADOS - AMÉRICAS
EUA
Paul Rudolph
Phillip Johnson - Lever House (1951)
BRASIL
Vilanova Artigas - FAUSP (1961), clubes, escolas, conjuntos habitacionais, residências
Paulo Mendes da Rocha - edifícios residenciais, residências, ag. bancárias
Ruy Ohtake - ed. Residenciais, residências
Joaquim Guedes - escolas
Lina Bo Bardi - MASP (1968), SESC Pompéia (1977-82)
ARGENTINA
Clorindo Testa - Biblioteca Nacional de Buenos Aires (1992), Banco de Londres (1959)
MASP, SP, Brasil (1968), Lina Bo Bardi
|
Ginásio Olímpico, Japão (1964), Kenzo Tange |
LEITURA OBRIGATÓRIA
Le Corbusier. O Modulor (1950)
Reyner Banham. The New Brutalism (1966)
SÍTIOS ELETRÔNICOS
www.fondationlecorbusier.fr
www.miesbcn.com
www.arquiteturabrutalista.com.br
http://www.designhistorysociety.org/events/reyner_banham_lecture/
http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/052.pdf
http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/01/08/alison-e-peter-smithson/
FUÃO, Fernando Freitas. Brutalismo. A última trincheira do movimento moderno. Arquitextos, São Paulo, ano 01, n. 007.09, Vitruvius, dez. 2000 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/01.007/949
http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/08/19/megaestruturas-o-futuro-do-passado/
http://www.youblisher.com/p/135045-Metaforas-aplicadas-quadro-incompleto-da-arquitetura-cotemporanea/
BRUTALISMO NO CINEMA
Hiroshima mon amour (Kenzo Tange - 1959)
O Homem do Lado (Le Corbusier - 2010)
Laranja Mecânica (Stirling - 1971)
O Homem do Lado (Le Corbusier - 2010)
Laranja Mecânica (Stirling - 1971)
15 comentários:
Grandes programas, grandes edifícios, grandes projetos. Será que todos os caminhos nos levam às mega-estruturas? Só elas podem resolver os problemas da construção em massa?
O trabalho aborda e exemplifica bem as características gerais do movimento Brutalista na arquitetura. Quanto ao termo Brutalismo, ele vem das ideias de Le Corbusier sobre a utilização do “béton brut” nos seus projetos, e acabou sendo utilizado para representar este movimento que se caracteriza pela franca e honesta exposição dos materiais brutos, especialmente o concreto, sem qualquer tipo de acabamento, tanto nos interiores como nos exteriores; a exposição e valorização da estrutura, assim como os elementos pré-moldados como brises soleil, calhas e gárgulas; plasticidade dos volumes e dos elementos estruturais. Ao mesmo tempo, é levada em consideração a economia representada por um processo de construção que viabiliza a rapidez, a economia e a larga escala.
No entanto, a expressão Brutalismo, ou Novo Brutalismo parece, normalmente, apenas mostrar o interesse pelos aspectos formais, deixando de lado as questões sociais que influenciaram toda uma geração nos aspectos e características de crescimento urbano. A postura estética do Novo Brutalismo representa muito bem a postura filosófica existencialista da época. Para a cultura dos anos 50-60 não importava muito o ter, mas principalmente o ser. Essa postura pode ser observada na forma arquitetônica final como sinônimo do grosseiro e feio, na sua missão pela justa verdade, construtiva e politica ideológica.
Davi Cardoso, Juliana Manfroi, Juliana Passos, Lucas Magnus e Marcela Coral
Muitas das tendências arquitetônicas do Movimento Moderno dos anos 1960, principalmente aquelas de inspiração tecnológica, trabalham com megaestruturas. Outro bom exemplo de Megaestrutura é o Park Hill, um grande conjunto habitacional que foi inspirado nas ideias do Novo Brutalismo, incorporou muitos conceitos inovadores, como a implantação de hierarquia dos espaços livres, maior liberdade de desenho, segregação entre o tráfico de pedestres e veículos, com as indefectíveis ruas elevadas.
A ideia das mega-estruturas corresponde àquilo que, nos anos 1970, foi chamado de Pensamento Forte, correspondendo na filosofia e na história às meta-narrativas, ideias que chamavam para si a solução de todos os problemas. A arquitetura brutalista refletia a ideia onde se pensava tecnologicamente, e se acreditava, que os problemas da humanidade eram de ordem simplesmente quantitativa. Muitas de suas ideias provaram ser consideravelmente inviáveis. As ruas elevadas, seu principal ponto de doutrina, foram as peças que mais ajudaram a desgastar a proposta, juntamente com a falta de integração, no caso dos conjuntos habitacionais, com a malha da cidade, segregando a cidade e limitando o fácil acesso aos serviços públicos. Hoje há necessidade de se pensar qualitativamente.
Davi Cardoso, Juliana Manfroi, Juliana Passos, Lucas Magnus e Marcela Coral
O brutalismo está umbilicalmente ligado ao "béton brut". Mas isto nunca eximiu o uso de outros materiais nas mesmas condições. Que materiais e obras poderiam ser indicadas que atestem estas formas de uso típicas do brutalismo?
O brutalismo não deve ser visto apenas como uma estética baseada no uso do concreto armado em sua forma mais bruta (tanto no sentido de usar o concreto aparente quanto em se fazer formas brutais, pesadas, rudes). Segundo Reyner Banham, os princípios do brutalismo se refletiam também na valorização do material e das técnicas construtivas utilizadas (usar os materiais - inclusive, mas não exclusivamente, o concreto - em sua forma pura, sem revestimentos) e também na clara exibição da estrutura (sendo esta a própria expressão da forma e da estética da edificação). Esses aspectos, segundo o autor, podem ser percebidos na obra de Mies Van der Rohe, por exemplo, em seu uso rígido, calculado e retilíneo de sitemas que se baseavam na lógica estrutural da tecnologia do aço e do vidro. Essas características podem ser notadas em vários projetos de Mies, como no uso cru dos materiais no Pavilhão Barcelona e na racionalização e modulação do aço utilizado na estrutura do Crown Hall (sede da faculdade de arquitetura da Illinois Institute of Technology).
Outros exemplos seriam obras como o Shangai Bank, de Norman Foster, e o Centro Pompidou, de Renzo Piano e Richard Rogers, nas quais a estrutura é exposta e é a própria estética dos edifícios, bem como pode se notar a verdade dos materiais. A estrutura do Shangai Bank e sua intenção de deixar livre o espaço interno podem ser vistas na fachada do edifício; já no Pompidou, até mesmo a infraestrutura faz parte da fachada e da impressão estética que o edifício passa. Nenhuma dessas obras tem o uso do concreto armado bruto e pesado como princípio estético e estrutural, porém as duas podem ser classificadas como brutalistas também, conforme os princípios explanados anteriormente.
ARTHUR L. LUIZ, CECÍLIA POZZA, FERNANDA M. P. BRANDALISE, GRAZIELLA DORA E ZAGO, LUCIANA N. SILVA, SHANI C. STEIN E PAULA D. CÍRIO
A partir da óptica brasileira, temos como grande referência do brutalismo a escola paulista e suas influências adjacentes europeias, portanto a associação do concreto aparente e bruto torna-se muito direta. No entanto, analisando-se o movimento de maneira mais ampla e historicamente com suas influências e motivações percebemos que sua estética e motivação está muito mais ligada a um senso de pureza e expressão do material de maneira geral, seja em estrutura metálica aparente, o uso expressivo do vidro ou até mesmo do tijolo aparente. Vemos exemplos dessas aplicações nas obras de James Stirling com uso de tijolos a vista, estruturas metálicas com panos de vidro como a Escola de Engenharia de Leicester e a Faculdade de História de Cambridge; também no uso aparente de estruturas metálicas em obras de Norman Foster, como o Banco de Hong Kong e o Terminal de Stansted e Renzo Piano, no Centro Pompidou, dessa vez incluindo como elementos estéticos e de composição arquitetônica a própria infraestrutura do edifício.
Conclui-se que apesar da íntima ligação do brutalismo com esse início do uso do concreto bruto, suas motivações foram uma extensão da prática modernista da "verdade dos materiais" as quais surgiram aplicando-se o uso purista dos mesmos em vidro, metal (cita-se aqui Maison de Verre em Paris, de 1928). Influências essas que foram retomadas também no brutalismo, em meio ao uso em larga escala do "béton brut".
André Fauri, Gabriel Pozzobom, Pedro Dal Molin e Rafael Berny.
Na concepção de Reyner Banham, o brutalismo deveria ser entendido mais como uma ética do que como uma estética. Nesse sentido, o foco da produção arquitetônica estaria na resolução de problemas do habitar contemporâneo. Mas, até que posto é possível separar na prática o ético do estético? Que exemplos poderíamos citar disso? E o que deu errado, com é que fica?
A questão sobre se o brutalismo estaria ligado a uma tendência arquitetônica vinculada à ética ou à estética, provocou Reyner Banham, que participou da formação do movimento. Em 1955 Banham referiu-se a esta iniciativa num artigo para a revista Architectural Review ao referenciá-lo como Novo Brutalismo Inglês. Anos depois, Braham discorre sobre o Brutalismo dividindo-se entre atributos éticos e estéticos à produção dos Smithson.
Em sua primeira publicação, Banham exemplifica a arquitetura que revela seus materiais com outras obras, além da prática inglesa. Embora haja uma predominância de exemplares ingleses, Banham cita o Museu de Arte da Universidade de Yale de Louis Kahn, o Orfanato de Aldo van Eyck em Amsterdam, Vladimir Bodiansky em Casablanca, Bresciani, Valdés, Castillo e Huidobro em Santiago do Chile, ou ainda Atelier 5 na Suíça. Nisto reside uma contradição, pois se a origem da consideração desta arquitetura como brutalista foi inglesa, sua concretização excede este limite geográfico.
Em continuação, ao tratar O estilo brutalista, Banham abandona a plena convicção de uma postura ética:
"O Brutalismo chegou, certamente, a ser “uma arquitetura”, um idioma, um estilo vernáculo; estética bastante universal para expressar uma variedade de modalidades arquitetônicas, inclusive perdendo algo do fervor moral que iluminou suas primeiras pretensões de ser uma ética."
Desta forma, a justificativa da arquitetura brutalista com base numa ética passa a ser tratada por Banham como uma pretensão no lugar de um argumento que procura sustentar um estilo. Depois de todo esforço na defesa de uma ética, Banham chega ao final de seu livro declarando-se um sobrevivente que retoma lembranças. A idéia de sobrevivente pode se reportar a uma batalha, a qual ele parece se declarar como um perdedor ao reconhecer que o brutalismo nunca conseguiu se desvincular de uma referencia estética.
Carolina Ongaratto, Carla Brito, Emanoele Colling, Fernanda Germani, Júlia Cadore, Larissa Goveia, Maria Júlia Maldaner, Patrícia Magno.
O QUE AS PESSOAS PRECISAM vs O QUE AS PESSOAS QUEREM
Se por um lado o brutalismo deu, por assim dizer, o que as pessoas precisavam, por outro lado deixou de dar ao público o que queriam. O que se pretende com essa afirmação é enfatizar o caráter ético em detrimento do estético que pode ajudar a definir o modo de ser brutalista.
Em um época de pós-segunda guerra, em que a Europa se reconstituía, a maior preocupação dos arquitetos de então era cumprir a função social da arquitetura: prover um habitat. Imbuídos dessa missão os arquitetos revisaram a doutrina moderna legada por Le Corbusier e cia. Afinal, toda aquela teoria e prática da turma dos pioneiros da arquitetura moderna, é sem dúvida a base sob a qual o brutalismo se desenvolve criticamente no entanto. Uma coisa que escapou aos primeiros modernos foi a necessidade de se levar em conta as condições do lugar. Grosso modo, a vanguarda da Bauhaus queria produzir uma habitação independente do lugar. Assim, os arquitetos brutalistas propuseram os brises de soleil, por exemplo. Uma solução bastante técnica, e porque não, ética: em regiões quentes, bloqueia-se a luz direta do sol. Entretanto, o furo é mais embaixo. Essa resposta do brutalismo vai de encontro a uma noção estética fundamental ao moderno que é a transparência (lembrando que o moderno é a base de sustentação do brutalismo, portanto é muito delicado para o brutalismo ir contra um valor seminal moderno. A própria noção de moderno x medieval, por exemplo, carrega consigo a oposição de luz e trevas). Logo, seria possível acusar o brutalismo de promover uma estética, no mínimo, anti-moderna quando ele propõe que se bloqueiem as fachadas envidraçadas. O que acontece daí, é que as pessoas reagem. Seja a classe dos arquitetos, seja a população em geral, há um movimento de oposição as proposições brutalistas. Surge o pós-moderno na arquitetura, com todos os revestimentos do mundo, decorativo, fácil e popular. Um giro de 180 graus, do brutalismo sem cor, cru, difícil e hermético.
Em consideração ao acima exposto, fica mais claro a relação de dependência entre o ético e o estético na arquitetura brutalista, é a famosa situação do cobertor curto, ou seja são partes indissociáveis de uma equação. Uma imagem mais adequada para tentar entender a questão aqui discutida seria que ao tentar resolver todos os problemas da vida moderna (deficit habitacional, recuos naturais limitados, etc...) com uma edificação (uma atitude digna de elogio, alias, muito ética), o brutalismo fica mau na foto, fica suado, esfarrapado, cansado e sem viço (esquece da estética em última análise). Porque apenas Deus (ou o que for) para construir o céu e o mar e ainda ter o domingo livre para vestir uma roupa boa e ir na missa.
Uma das características marcantes do brutalismo, e que diz respeito ao projeto arquitetônico, é o superdimensionamento. Característica aliás perfeitamente compreensível quando se trata do projeto de edifício com grande afluxo de público, como estádios, teatros, clubes ou estações rodoviárias. Mas o que pensar a respeito quando percebemos isto estender-se à edificações residenciais? Há alguma justificativa ou é apenas um "ato de estilo" do arquiteto?
Em projetos de edificações cuja estrutura é submetida a grandes esforços (alto fluxo de pessoas, veículos, mobiliário pesado), o superdimensionamento salvaguarda os usuários e garante que a construção suporte com segurança as solicitações. Este superdimensionamento também pode, ao mesmo tempo, enfatizar a monumentalidade da obra, destacando-a da paisagem e denotando, simbolicamente, grandiosidade, poder, força.
Já nos projetos residenciais, o superdimensionamento da estrutura portante permite que a edificação suporte esforços maiores e, desta forma, abrigue futuros novos usos. Assim, há uma maior flexibilidade da edificação e um aumento de sua vida útil, uma vez que outros programas também podem acontecer sem que a estrutura seja modificada. Coincidentemente, a casa projetada por Villanova Artigas e construída em Curitiba no ano de 1953 para o Dr. João Luiz Bettega é hoje um espaço cultural. A Casa Villanova Artigas, nome atual da instituição, abriga uma livraria e recebe cursos, palestras, exposições e eventos, assim como um maior número de pessoas.
Enquanto “ato de estilo” do arquiteto, o superdimensionamento pode funcionar para destacar a estrutura da edificação, ilustrando o seu funcionamento estrutural e conferindo um protagonismo para estes elementos construtivos. Seria uma forma de evidenciar a verdade estrutural da obra, mesmo que para isso a “verdade” contenha uma dose de exagero. O venustas seria atingido através do firmitas.
Resposta em nome do grupo 1: Adriana, Aline, Júnia, Nathana e Rebeca.
Há uma justificativa, tanto levando em consideração o estilo quanto a função do edifício. Os arquitetos brutalistas buscavam uma interface entre a arquitetura e o urbanismo, num mesmo elemento, criando assim espaços residenciais completos, com corredores que funcionavam como ruas internas, além de comércio e residências. Essas estruturas completas deveriam atender a um grande contingente populacional, levando em conta o contexto histórico pós-guerra em que este estilo arquitetônico surgiu. Também levando em conta o período em que essas estruturas foram construídas, uma das diretrizes de projeto era a economia de tempo e de materiais na execução. Para isso foram usadas peças pré-moldadas em concreto e aço aparentes, que fazia a edificação ter o status de “pronta” sem a necessidade de revestimentos – mesmo que a grande maioria da população não tenha se convencido pela ideia. Tal fator acabou caracterizando um estilo que deixa aparente a "verdade estrutural" que expõe os elementos em sua forma bruta, principalmente o concreto, ferro e vidro. O uso das megaestruturas, que suportavam grandes edificações, tinha por objetivo abrigar mais pessoas em menos tempo - atendendo às necessidades sociais da época - com a intenção de ser mais rápido, prático e econômico do que se fossem construídas pequenas unidades habitacionais uma a uma. Isso foi realizado através de projetos modulados que poderiam ser replicados em qualquer parte, independentemente do contexto cultural, climático ou social local. Isso demonstra que o uso das megaestruturas não é apenas um “ato de estilo”, e atende, sim, a uma função.
Uma característica das obras ditas brutalistas é o aumento do número de funções que é capaz de abrigar. Uma obra que é capaz de albergar um maior número de funções funciona melhor do que outra com menos funções? Ou será que é apenas um truque para construir edifícios maiores?
Grupo 1: Caroline Malaggi, Caroline Ghessi, Beatriz Silva, Diana Seibel, Raquel Reuss, Franciele Bonoldi e Viviane Garcia.
As obras brutalistas tiveram, desde o início, uma forte tendência de mostrar a sua função desde o lado externo da edificação. Essa “necessidade”, que é uma das características do movimento, se fez presente das mais diversas formas e materialidades: do concreto ao metal. Ao abrigar mais funções e, ao mesmo tempo, tentar representá-las esteticamente, a edificação ao invés de mais clara, torna-se confusa a um primeiro olhar. Assim, o que era para facilitar o entendimento acaba representando um misto de formas e cores que atrapalham a compreensão e o propósito estético da obra. Excesso de funções em arquitetura dificilmente resultará em algo positivo, pelo contrário, ao estrapolar o número de funções, interpretações, salas e composições, o edificio – se não for muito bem pensado - pode acabar não sendo entendido e, até mesmo, mal interpretado. Um exemplo forte é o Centro Geoges Pompidou, na França, onde os arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers propuseram diversas formas de representação do edificio: externalização de toda a infraestrutura e diferentes cores para identificar cada componente construtivo. Hoje, é uma obra conceituada arquitetonicamente, mas que na sua época foi fortemente criticada pelo fato de “gritar” a sua função de tantas maneiras que não foi compreendida pela maioria da população, e de certa maneira, até mesmo “rejeitada”.
Desse modo, uma obra brutalista que se configurasse pela composição e expressão funcionalista por prática, não poderia ser considerada melhor que outras com menos funções, a qualidade pode estar firmada no equilibrio entre função, estética e necessidade de abrigar determinado número de programas e não número de ambientes/funções propriamente ditos. E antes mesmo de ser quantitativa, a arquitetura deve ser qualitativa por sua espacialidade, função, conforto e estética.
Resposta do Grupo 1 da Turma A - 2016/1 composto por Gustavo Diaz, Luísa Pohren, Mariana Froner e Ulisses Romano.
Os modelos brutalistas têm em comum a exposição de funções no exterior do edifício - apenas variando sua estrutura e as atividades que ocorrem no interior. Os edifícios são geralmente formados a partir de elementos modulares repetidos formando massas que representam zonas funcionais específicas, claramente articulados e agrupadas em um todo unificado. Os materiais mais usados são o concreto armado aparente, metal, vidro, tijolo e gabião.
A monumentalidade e grandeza das obras são também características muito fortes do brutalismo e para que isso ocorra, é necessário acumular inúmeras funções em um único todo. Porém, o excesso de funções em uma edificação resulta em fachadas que confundem ou levam a uma interpretação errônea de quem as observa pela primeira vez, algo bastante comum no brutalismo. Na arquitetura em geral, o excesso de funções é quase sempre visto com maus olhos dada a complexidade que existe em agrupar e interpretá-las de forma harmônica - quanto mais funções, maiores são as chances de erros e de más interpretações.
Um exemplo que pode ser citado é a Tourette, de Le Corbusier. Arquitetonicamente é uma das obras mais famosas e conceituadas da história, porém a avaliação por parte do público em geral é bastante controversa. Isso ocorre devido às diversas formas de representação das diferentes funções da edificação (células individuais, biblioteca comunitária, refeitório, cobertura claustro, igreja e salas de aula) que não permitem ao observador entender o que acontece na construção, caracterizando-a como ininteligível num primeiro olhar.
Portanto, mesmo a monumentalidade e grandeza como característica do edifício brutalista, com complexidades funcionais, não significa que uma haverá eficiência ou será classificado como melhor do que uma outra mais simples com menos funções e menores variações nas fachadas pois o mais importante é qualidade e não quantidade. E essa qualidade almejada está em itens que vão além dos citados anteriormente: ela está na harmonia e equilíbrio entre o programa, a estética, o conforto e a espacialidade.
Postar um comentário