segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AULA 15 - O PARADOXO LINGUÍSTICO E O RETORNO À TEORIA

RUPTURAS E CONTINUIDADES - O BRUTALISMO TARDIO

Com a crise do petróleo nos anos 70, o leque de alternativas até então presentes aos arquitetos teve de ser revisto. Os edifícios energívoros tiveram de dar lugar a uma arquitetura com respostas mais plurais e mais específicas e mais responsáveis com relação ao meio-ambiente e também a pensar mais no usuário. Todavia, apesar de tudo, há os que insistem na direção contrária e procuram toda sorte de artifícios para manter uma produção completamente alheia a tudo isso. Estes, em boa parte, buscam justificavas na linguístíca moderna, cujos conceitos transplantam para a arquitetura quase sem escalas, para a criação de uma arquitetura, a seu ver, questionadora do status quo e, ainda assim, fundamentalmente moderna ou mais do que moderna. Ao contrário da primeira geração de modernistas, que queria mudar a sociedade desde o território, estes se contentam em apresentar proposições fragmentárias e paradoxais.

A linguística transformacional ou generativa (Chomsky) ou o conceito de descontrução (Derrida) são as ondas em que surfam estas tendências que, de certa maneira, renegam a semiologia obediente da geração precedente. Junte-se a isso uma manifestação artística deliberadamente anti-humanista que, não raro incide numa arquitetura-escultura e, em quase tudo contrária ao modernismo clássico, assim como a ideia de transmitir um conceito particular, criar uma imagem atemporal com uma representação que entra em conflito com as ideias modernistas que tem como prioridade o usuário. 

Em contraste com a modernidade, a autonomia dessas novas formas de pensamento e expressão se torna muito clara com o desenho se tornando uma afirmação desse autonomismo, com a ausência do homem se tornando uma proposta e, talvez por isso mesmo, carregando uma força simbolicamente exagerada. A dificuldade de realização desse tipo de arquitetura as vezes leva a um entendimento do projeto como um “produto de arte”, com mais possibilidades e articulações cada vez mais complexas. A projetação ganha mais importância do que o próprio edifício, de forma que a ousadia formal pareça uma decorrência dos novos recursos de representação e desenho. 

Chamar isto tudo de descontrução soa um tanto quanto pedante, para não dizer equivocado. A desconstrução é um termo que surgiu a partir do estruturalismo francês para designar um certo tipo de compreensão da narrativas textuais (literatura, política, filosofia) e nada tinha a ver com arquitetura. Ninguém menos que o maios divulgador do termo, Jacques Derrida, ja afirmava que a arquitetura "era o último lugar onde ele imaginava ocorrer a desconstrução" por ser ela mesma a própria construção (pelo menos boa parte). Por um lado, talvez tudo isto não seja mais do que uma decorrência do mundo ou das sociedades super-urbanizadas, onde a cidade existente (massa edificada) já seja, ela mesma, uma segunda natureza. Um luxo intelectual inalcansável para o resto do mundo que ainda não conseguiu sequer o acesso ao saneamento básico. Por outro lado, há também que se considerar que talvez estejamos a presenciar o último capítulo do brutalismo na arquitetura.


PROPOSTA
Lingüística transformacional, autonomismo radical, liberdade de proposta

CONCEPÇÕES
Anti-humanismo, gênese linguística, neovanguardas (releituras do contrutivismo, suprematismo, cubismo)

EXPRESSÕES CHAVE
Generatividade, operações geométricas, congestionamento, notação

EVENTOS
New York Five (Exposição no MoMA)

NOMES RELACIONADOS

EUROPA
Bernard Tschumi (França), Parc de la Villete (1989); Rem Koolhaas (Holanda); Zaha Hadid (Inglaterra); Coop Himmelblau (Áustria); Daniel Libeskind (Polônia), Museu do Holocausto (1999)

EUA
Peter Eisenman, Casas I-X; Richard Meier, Museu High de Atlanta (1984); Frank Gehry.

AMÉRICA DO SUL
Clorindo Testa (Argentina)

LEITURA OBRIGATÓRIA
Rem Koolhaas. Delirious New York (1978)
Rem Koolhaas. S, M, L, XL (1955)
Bernard Tschumi . Event Cities (1994)
Rem Koolhaas. Architecture and Disjunction (1996)

      

          

OBRAS DE REFERÊNCIA
Parc de la Villette
Biblioteca Central de Seattle
Galaxy Soho

Academia de Belas Artes de Munique

Museu Judaico de Berlim

Museu da História Militar

Meier House

High Museum of Art

Stadthaus Ulm

Jubilee Church

Museu Frieder Burda

San Jose City Hall

ON Prospect Park

International Coffee Plaza

Walt Disney Concert Hall

Guggenheim Bilbao

Centro Stata

Casa Dançante

Vitra Design Museum

Casa La Tumbona

Casa VI
Bibliografia
http://www.infopedia.pt/$richard-meier;jsessionid=zkxypzJ3FVkg0fWu1sijnw__
http://www.richardmeier.com/www/
http://www.infopedia.pt/$frank-gehry
http://www.trianglemodernisthouses.com/meier.htm
http://www.dwell.com/house-tours/slideshow/architects-homes-their-parents#8
http://www.smartplanet.com/blog/global-observer/the-legacy-of-argentine-architect-clorindo-testa-1923-2013/11317
http://es.wikiarquitectura.com/index.php/Casa_La_Tumbona
http://en.wikiarquitectura.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Vitra_Design_Museum
http://en.wikipedia.org/wiki/Stata_Center
http://www.infopedia.pt/$rem-koolhaas;jsessionid=m6K9ERJJjMsVPAzuUCxvqA_
http://revistaveneza.wordpress.com/2011/08/28/rem-koolhaas-um-profeta-de-ruinas/
http://unit03-metamorphosis.blogspot.com.br/2012/11/the-manhattan-transcripts.html
http://www.tschumi.com/projects/18/#
http://www.infopedia.pt/$bernard-tschumi
http://www.archdaily.com/92321/
http://arquitetemos.blogspot.com.br/2012/03/parc-de-la-villette-bernard-tschumi.html
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.023/3314?page=1
http://www.cca.qc.ca/en/collection/535-peter-eisenman-archive
http://architizer.com/blog/peter-versus-peter/
http://prelectur.stanford.edu/lecturers/eisenman/
http://www.fag.edu.br/graduacao/arquitetura/anais2006/2005/trabalho_peter.pdf
http://www.archdaily.com/429925/eisenman-s-evolution-architecture-syntax-and-new-subjectivity/
http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Eisenman
http://architecturalliteratured8.blogspot.com.br/2012/09/deconstructivism.html
EISENMAN, Peter D. The Formal Basis of Modern Architecture (1963). Published in 2006 by Lars Muller Publishers.

16 comentários:

Daniele Cabreira disse...

A ideia do desconstrutivismo surgiu como um pensamento muito radical e resultou na total incerteza, pois desafiaram toda a linguagem que definia e identificava a Arquitetura, mas também abriram novos pensamentos como a preocupação no projeto a partir dos eventos que iriam acontecer e a famosa frase “a forma não segue a função” e vice e versa.

Unknown disse...

Ao desenvolver o trabalho sobre o desconstrutivismo é importante ressaltar que o resultado alcançado pelo arquitetos se dá principalmente pelo entusiasmo em relação às possibilidades de exploração formal permitido pelo surgimento da computação gráfica. Esses avanços tecnológicos não resultaram, necessariamente, em uma melhor arquitetura do que a tradicional, mas foram fundamentais para discutir a universalidade tão defendida pelos arquitetos modernistas e demonstraram que a arquitetura sempre se relaciona ao seu tempo.

Comentário feito pelos integrantes do grupo 4 - Ícaro Epifânio, Mateus Sartori, Pedro Pan.

Teoria e Estética II disse...

O deconstrutivismo se volta contra a linguagem convencional da arquitetura, pelo menos na forma como nos relacionamos com ela normalmente. No entanto, ao isolar a composição (ou desconstrução) arquitetônica como evento puramente linguístico, nos projetos, como no caso de Peter Eisenman, só resta o formalismo das operações geométricas, desconectadas de referências funcionais ou contextuais. Ainda assim seus projetos parecem "funcionar" ou servir para algum propósito mais ou menos específico, ou seja, ainda é possível "morar" em suas casas.Ou seja, há coisas que, apesar de toda radicalidade, permanecem intocadas: o abrigo, a gravidade, as proporções, o programa.Podemos concordar com isso? Há mais que se somar à lista?

Bruna Feltes disse...

A principal crítica feita ao desconstrutivismo diz respeito ao projeto voltado puramente à forma, despreocupando-se com o entorno, a funcionalidade e o conteúdo social. Podemos nos questionar, no entanto, se essa forma, em sua maioria, dotada de significado, não possui uma função; a função de questionar, chocar, fazer pensar. Mas será que somente isso torna essa arquitetura funcional?
Muitos defendem a teoria de que a filosofia e a linguagem inicial proposta pelo desconstrutivismo já se perdeu, resultando em uma arquitetura projetada única e exclusivamente para a estética, rejeitando o passado e deixando um legado desprovido de valor às próximas gerações.

Patrícia Fernandes disse...

Na década de 90 ouvia-se o termo neo-vanguardas para nomear movimentos de reação à arquitetura pós-moderna. Na verdade, desde a década de 60 já havia, nos Estados Unidos, uma polemica entre os pós-modernos e neo-vanguardistas que se expressava em publicações, encontros e exposições. Na década de 70, importantes teóricos europeus contribuíram para o debate, que se encontrou na América.
Paulatinamente, passou-se, nas últimas quatro décadas do discurso moderno contra o caos urbano para outro, que elogia sua heterotopia, tendo como elo justamente manifestações neovanguardistas. Houve um deslizamento gradual desde a hegemonia moderna até a atual apologia da “pluralidade”. Entretanto, por detrás de sua exorbitante diversidade existem algumas motivações compartidas subjacentes. Palavra-chave neste tema é o pós-estruturalismo.
Esse, trata-se de pratica anti-humanista, de liberdade de proposta, com consequente desapego de paradigmas preestabelecidos, como as linhas e ângulos retos, resultando em ousadia formal. Na verdade, o pós-estruturalismo promove a desconstrução de pares binários antes tidos como uma relação de hierárquica, onde um aspecto da arquitetura era subordinado a outro. Como exemplo, forma e função. Importa, portando, mostrar que ambos tem a mesma importância, devendo-se libertar o arquiteto para a construção de formas inusitadas, independentes da função que exerçam.

Unknown disse...

Dentro da elaboração do seminário sobre o paradoxo linguístico e retorno à teoria, pode-se observar que entre os movimentos da arquitetura contemporânea, constata-se certa constância para se chegar a um conceito teórico e às vezes prático sobre o desconstrutivismo. Dentro deste deconstrutivismo, percebe-se que devido ao avanço tecnológico de programas e softwares de auxílio para o ato de projetar, se deu liberdade e abertura para questionar conceitos e projetos dados como universais para os modernistas; estes que sempre cultuavam a forma como uma extensão de sua função. É devido a essa nova expressão e linguagem gráfica ,oriundas de mecanismos de computação gráfica, que várias questões como o ato de projetar começaram a ressurgir. Houve a tentativa de negar princípios básicos como a recusa de linhas e ângulos retos, despreocupação com o entorno e liberdade da forma, gerando uma prática arquitetônica anti-humanista e atemporal. Entretanto, salienta-se ,também, a procura por novas maneiras de se chegar à concepção do partido do projeto a partir de eventos singulares que iriam acontecer, abrangendo usos particulares, funções únicas, atividades singulares gerando em um produto social, visão usada pelo arquiteto Bernard Tschumi para o Parc de La Villete. Ou até a visão de Eisenman em que a arquitetura desconstrutivista era a distorção no intuito de deslocar e não destruir.

Comentário feito pelas integrantes do grupo 4 - Clara, Gabriela, Lina e Luísa

Teoria e Estética II disse...

Muitas das proposições ditas deconstrutivistas chamaram a atenção para a descoberta de uma arquitetura não euclidiana. Isto é um fato ou uma ilusão? Justifique sua resposta comentando exemplos.

Teoria e Estética II disse...

É uma ilusão, em dois sentidos. . Bom, os edifícios convencionais de arquitetura utilizam formas geométricas também convencionais, e neles descobrimos retângulos, quadrados, alguns círculos... podemos dizer que são euclidianos, como é natural que sejam (entendendo Geometria Euclidiana como a geometria convencional que utiliza 3 eixos/dimensões).

Mas agora tomemos como exemplo, o museu Guggenheim de Bilbao, pelo que ele tenha de formas distorcidas, geometricamente não convencionais. Este tipo de forma passa a impressão de algo que transcende, ou que ao menos não se limita às regras euclidianas, que tendem a criar sólidos mais ou menos simples. No entanto, não importa o quão complexa seja uma forma estática, ela não deixa de ser euclidiana. Basta pensarmos que não importa qual o processo criativo do arquiteto, em algum ponto essas obras foram desenhadas em softwares que constroem figuras num sistema de 3 eixos! Obviamente, é uma arquitetura que, tecnicamente, cabe dentro do cânone da geometria clássica. A impressão da obra pode ser a de uma fantasia geométrica, mas como edificação, ela não escapa de medidas perfeitamente descritíveis euclidianamente. Mas como a impressão, a ilusão causada, faz parte do conteúdo (estamos falando de arquitetura, arte), podemos considerar que, simbolicamente, é uma arquitetura de geométrica fantástica... não euclidiana.

resposta blog Grupo 4 - marla, bianca, matheus r, matheus o, paloma e shailla - turma terça

Teoria e Estética II disse...

A arquitetura deconstrutivista, pelo fato não ter seguido de modo fiel uma arquitetura ortogonal, racional e cartesiana como os modernistas, muitas vezes é vista e considerada como não-euclidiana. Entretanto, isto é uma ilusão e não um fato, tendo em vista que este tipo de julgamento não avalia corretamente a relação entre a geometria e a arquitetura produzida por este grupo de arquitetos.
Ao contrário do que muitos pensam, a geometria é intensamente explorada e utilizada, quer a euclidiana quanto outros tipos, como por exemplo a geometria topológica conhecida como a “geometria da borracha”. O que causa confusão é o fato de não ser óbvia, resultando nos mais diversos tipos de composições arquitetônicas,difíceis de ser classificadas em em um sistema baseado em princípios rígidos. A geometria sim, é importante nas composições, mas ao invés de restringir ou limitar, é utilizada para explorar caminhos arquitetônicos ainda não trilhados , resultando em formas surpreendentes que tiveram como base a ordem geométrica e a modulação. Utilizam-se módulos, mas estes módulos nem sempre precisam ter o mesmo tamanho como no caso das estruturas fractais que utilizam módulos fracionados.Utilizam-se grelhas, mas estas nem sempre precisam ser planas como acontece com as como acontece em algumas obras de Eisenmann. Grelhas também podem ser utilizadas como layers associados a outros princípios ordenadores como fez Tschumi em la Villette. E o ponto de fuga, sim, pode estar do fora de seu lugar comum, criando uma linguagem de significado como sugere Eisenman no chamado “objeto axonométrico”. Muitas coisas são possíveis : revelar e ocultar, mimetizar e contrastar, ordenar e inverter, mas o resultado mais interessante é a história que pode ser lida como resultado deste processo de investigação."

Grupo 4 - Turma B: Caroline, Pedro Henrique, Priscila, Rodrigo, Simone, Waleska e Karina.

Teoria e Estética II disse...

Muito se pode notar na produção destas últimas décadas no sentido de uma continuidade com ideias primeiramente manifestadas no brutalismo: mega-estruturas, arquitetura para as massas, inclusivismo programático e a popularidade da própria obra. Em contrapartida, há que se considerar o aporte de teorias linguísticas que enfatizam o tratamento autonomista da proposta e que geralmente redunda em obras contrastantes com o entorno urbano em que se inserem. Com base neste ponto de vista, que considerações poderíamos fazer a respeito?

rflpuig disse...

O arcabouço produzido na arquitetura pela corrente baseada nas teorias linguísticas compõe de certa forma um "neo-vanguardismo" a medida que busca "libertar" a arquitetura dos cânones modernos e traduzi-la em expressões artísticas que se amparam em um recurso intelectual, a linguística, e buscando uma estética - pode ser dizer assim - do seu tempo, pois acrescenta a esse recurso retórico ferramentas da tecnologia de ponta disponíveis, tentando sintetizar as últimas tendências na filosofia e na tecnologia de construção.

Essa corrente "desconstrutivista" por auto denominação, produziu uma arquitetura cujo foco era seu processo produtivo e produto final e não mais a medida do ser humano e suas necessidades, usando-se impropriamente das ideias dos estudiosos da linguagem, como já apontou Dérrida. Como consequência disso temos obras arquitetônicas autorais, tratadas como obras de arte e de custos exorbitantes, acessíveis para poucos e cuja suas qualidades como obra de arquitetura tornam-se muito questionáveis.

Por outro lado, essas obras relativizaram os conceitos da modernismo quebrando paradigmas no meio arquitetônico e reforçando que existem outros caminhos para a arquitetura. Também contribuíram para a experimentação e o uso de tecnologias no campo, alimentando a indústria, e cabendo dizer, também, que atendem a uma demanda de popularidade exigida pela sua clientela, de forma que sua expressão megalomaníaca não é de todo injustificada, mas "expressão do tempo", nesse sentido.

Unknown disse...

Grupo 4
O arcabouço produzido na arquitetura pela corrente baseada nas teorias linguísticas compõe de certa forma um "neo-vanguardismo" a medida que busca "libertar" a arquitetura dos cânones modernos e traduzi-la em expressões artísticas que se amparam em um recurso intelectual, a linguística, e buscando uma estética - pode ser dizer assim - do seu tempo, pois acrescenta a esse recurso retórico ferramentas da tecnologia de ponta disponíveis, tentando sintetizar as últimas tendências na filosofia e na tecnologia de construção. Essa corrente "desconstrutivista", por auto denominação, produziu uma arquitetura cujo foco era seu processo produtivo e produto final e não mais a escala do ser humano e suas necessidades, utilizando-se inapropriadamente das concepções dos estudiosos da linguagem, como já apontou Dérrida. Como consequência disso temos obras arquitetônicas autorais, tratadas como obras de arte e de custos exorbitantes, acessíveis para poucos e cujas suas qualidades como obra de arquitetura tornam-se muito questionáveis. Por outro lado, essas obras relativizaram os conceitos da modernidade quebrando paradigmas no meio arquitetônico e reforçando que existem outros caminhos para a arquitetura. Também contribuíram para a experimentação e o uso de tecnologias no campo, alimentando a indústria da construção, e cabendo dizer, também, que atendem a uma demanda de popularidade exigida pela sua clientela, de forma que sua expressão megalomaníaca não é de todo injustificada, mas "expressão do se tempo", nesse sentido.

Grupo 4 - Jefferson Scapinelli, Julia Osório, Leonardo Freire, Mariana Mincarone, Vitória Fank e Victória Fetter. disse...

Dentro do seminário sobre o paradoxo linguístico e retorno à teoria, pode-se observar que os movimentos da arquitetura contemporânea buscam chegar a um conceito teórico e às vezes prático sobre o desconstrutivismo. Dentro deste deconstrutivismo, percebe-se o avanço tecnológico de programas e softwares de auxílio para o ato de projetar dando liberdade e abertura para questionar conceitos e projetos dados como universais pelos modernistas, que sempre cultuavam a forma como uma extensão de sua função. Devido a essa nova linguagem gráfica oriunda de mecanismos de computação, várias questões como o ato de projetar começaram a ser questionadas, representadas na negação dos princípios básicos modernistas, com a recusa de linhas e ângulos retos, despreocupação com o entorno e liberdade da forma, gerando uma prática arquitetônica anti-humanista e atemporal. Entretanto é possivel salientar a procura por novas maneiras de se chegar à concepção do partido do projeto a partir de eventos singulares, abrangendo usos particulares, funções únicas e atividades excepcionais, gerados em um produto social, visão usada pelo arquiteto Bernard Tschumi para o Parc de La Villete. Ou até a visão de Eisenman em que a arquitetura desconstrutivista era a distorção no intuito de deslocar e não destruir.

Grupo 4 - Jefferson Scapinelli, Julia Osório, Leonardo Freire, Mariana Mincarone, Vitória Fank e Victória Fetter.

Philippo Chies disse...

Considerando o termo euclidiano no seu significado real como geometria que se baseia em 2 e 3 dimensões, sim, seria uma ilusão tratar esse movimento desconstrutivista como um algo não-euclidiano.
As obras aqui localizadas temporalmente se comportam como simples deformações do que um dia já foi algo simples, não se trata de 4 dimensões por exemplo.
No entanto, considerando em termos arquitetonicos, nos quais a geometria euclidiana se referiria à composição racional e tradicional de projetos, aí sim, considerariamos como não-euclidianas as obras desconstrutivistas.
Desde as 10 casas de Peter Einsenmann até a Casa da Música pelo OMA ou o próprio Guggenheim Bilbao por Frank Gehry, podemos sentir o objetivo dessa arquitetura. Jogar com preceitos da época e se isolar do resto, em termos de uma autovalorização e imponência com relação aos demais.
Essa quebra de paradigmas faz desse tipo de arquitetura ser remetida mais como uma obra de arte em grande do que como uma arquitetura humanizada, refletindo-se em símbolos e não funcionalidade.

Grupo 4: Carolina Alves, Fábio Volz, Margarete Martins e Philippo Chies

Philippo Chies disse...

O principal objetivo dessas obras que consideramos desconstrutivistas seria tomar como referência preceitos já existentes a partir disso, idealizar um conceito contrastante que quando posto em prática, se sobressaia do que já existe.
Quando falamos que obras dessa linha são remetidas mais como obra de arte do que como uma arquitetura humanizada, queremos dizer que seu caráter escultórico se supervaloriza. O lugar de implantação, o entorno presente de cada obra não poderia competir com esta em si, já que em um museu, uma escultura não divide espaço com uma pintura, mas sim é posta em um espaço que a valorize e que possibilite a sua imponência perante ao "vizinhos".
Relacionando-se ao brutalismo inicial, podemos compará-los no âmbito de que suas características de imponência, de megaestruturas se assemelham, contudo esse brutalismo tardio no qual denominamos de desconstrutivismo vai a um passo além e se autopromove, sem precisar de um contexto. A obra pode ser executada em diferentes locais do mundo, e em diferentes tempos, porém, sua autopromoção sempre está presente, seja por sua forma, seja pela desvalorização do entorno.

Grupo 4: Carolina Alves, Fábio Volz, Margarete Martins e Philippo Chies

Teoria e Estética II disse...

Comentaremos aqui em P.S. tendo em vista o atraso gerado por alguns problemas no blog. Mas é importante que se diga que o termo "desconstrução" se incorporou à linguagem ordinária e já quer dizer mais quase nada, embora ainda sirva para impressionar desavisados. Dito assim, se presta facilmente à mistificação, inclusive quando se associa ao uso mais sofisticado que alguns arquitetos fazem da geometria e ao que se designa como "não-euclidiano". Isto lembra muito os comentários que conterrâneos de Bernini e Borromini faziam de suas obras. Como não entendiam os sofisticados alinhamentos geométricos de suas plantas que contorciam as ordens ao limite do inimaginável, proferiam em tom de desídia: "bizzaria!". Talvez por isso estejamos vivenciando um fenômeno parecido só que agora impulsionado pelas tecnologias digitais que permitiram na prática um reposicionamento do interesse pela geometria na criação arquitetônica. E é exatamente isto que os últimos comentários acima nos dão ciência.