terça-feira, 26 de novembro de 2013

AULA 14 - POR UMA ARQUITETURA MONUMENTAL

ARQUITETURA MONUMENTAL

Na década de 1950 inicia-se uma forte crítica ao movimento modernista, contestando certos "dogmas" da arquitetura das vanguardas do início do século. São novas correntes e tendências que, além de refutar certos chavões, agregam novas ideias ao etos arquitetônico. Parte disso diz respeito a uma cultura de significados de cunho histórico ou historicista particularmente no que diz respeito a uma reconciliação com a tradição clássica na arquitetura. Só que não se trata de mais um "revival", mas de um redesenho da condição arquitetônica dos edifícios como monumento na história da arquitetura e da cidade. Em suma, considera-se a cidade como um elemento já dado, algo de que o projeto deve partir e considerar, e não como uma "tabula rasa" a ser continuamente destruída e reconstruída. 
Neste aspecto as cidades existentes não devem refutadas ou menosprezadas porque elas engendram suas próprias formas e tipos arquitetônicos, frutos de uma evolução contínua, específica e, por isso mesmo, profundamente ligada ao lugar. Por isso toda a intervenção arquitetônica estaria condicionada a um refazer marcada por diferenças estilísticas. Entretanto, apesar de toda crítica há ainda sinais de que a modernidade não parou, nem definhou, mas continuou sua trilha evolutiva. Um bom exemplo disto é a mega-estrutura, típica do brutalismo, cuja presença ainda se faz notar, porém de maneira mais contida e bem menos exuberante. Curioso é observar que justamente por meio dela que o princípio da simetria geral em arquitetura tenta ensaiar um grande retorno.
Em meio a esse período de mudanças dois nomes se destacaram: Aldo Rossi na Itália e Louis Kahn nos EUA. Aldo Rossi é um representante do chamado neorracionalismo, movimento que procura resgatar a importância das intervenções arquitetônicas nos cascos históricos das cidades europeias, procurando renová-lo mediante suas virtudes. Os pontos fundamentais consistiam na preexistência do ambiente, a história da arquitetura e da cidade ou contexto (genius loci), o peso da tradição e uma certa predisposição ao ajuste de algumas ideias modernistas. Louis Kahn, por sua vez, desenvolve uma arquitetura marcada pela composição de formas geométricas elementares com destaque ao repertório de aberturas e ao uso da luz, tanto direta como zenital. Para isso ele se utilizava de técnicas construtivas tradicionais (arcaismo) somadas à tecnologia de sua época: concreto armado, painéis em alvenaria atirantados com concreto protendido e sensores fotoelétricos (high tech). Na conclusão da sua dissertação Monumentality (Monumentalidade), de 1944, ele exprime os seus ideais:

“A monumentalidade em arquitetura pode-se definir como uma qualidade, uma qualidade espiritual inerente a uma determinada estrutura, capaz de transmitir a sensação de sua eternidade, (…) As estruturas monumentais do passado possuem essas características comuns de grandiosidade, nas quais os edifícios do nosso futuro, de uma maneira ou de outra, devem basear-se”. 

PROPOSTA
Cultura do lugar, regionalidade, especificidade, sensorialismo, monumentalidade.

CONCEPÇÕES
Autonomia da arquitetura, geografia urbana, contexto, monumento, poéticas do fragmento e da ausência, simbolismo, morfologia urbana, arquétipos, metafísica.

EXPRESSÕES CHAVE
genius loci, permanência, estrutura urbana, fragmentos, (neo)classicismo, (neo)racionalismo, inserção urbana, monumentalidade, subjetivismo.

EVENTOS
Berlin Tiergarten, concurso (1983-85)

NOMES RELACIONADOS

EUROPA
Aldo Rossi (Itália), Cemitério de Modena (1971); J.P. Kleihues (Alemanha); M. Botta (Suíça); Atelier 5 (Suíça); H. Ciriani (França)

EUA
Louis Kahn

ÁSIA
Hiroshi Hara (Japão); Toyo Ito (Japão)Charles Correa (Índia)

BRASIL
Éolo Maia (Brasil); Humberto Serpa (Brasil); Bruno Padovano (Brasil), Sesc Nova Iguaçú (1985); Tadao Ando (Japão), Capela sobre a Água (1988)

LEITURA OBRIGATÓRIA
Aldo Rossi. L'architettura della cittá (1966)
Mathias Ungers. City Metaphors (1982)

      

OBRAS DE REFERÊNCIA
Cemitério de São Certaldo

Teatro Do Mundo

Assembléia Nacional de Bangladesh, 1974
Galeria de Arte de Yale, 1953
Laboratório de Pesquisas Médicas Richards, 1965
Instituto Salk, 1965
Biblioteca Phillips Exeter, 1972


Bibliografia
http://www.archdaily.com.br/br/01-177977/feliz-aniversario-louis-kahn
http://www.snpcultura.org/louis_kahn.html
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/382
http://pt.slideshare.net/michelepo/arquitectura-contempornea-para-alm-do-funcionalismo
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/01.007/949
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/03.034/3174
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Arquitetura_da_Cidade

14 comentários:

Teoria e Estética II disse...

Está faltando bibliografia. Aceitamos sugestões.

Unknown disse...

A respeito do Kahn pode-se falar ainda sobre a influência da arquitetura grega e romana, do seu gosto pela monumentalidade e seu cuidado com o uso da iluminação natural, características admitidas por ele em frases como as seguintes:

“Conservo o templo grego como a imagem mais insistente em minha mente. Não construo
coisas como um templo grego, mas este constitui um ponto de partida, que pertence aos
princípios."

“Meu pensamento está impregnado de grandeza romana e a ideia da abóbada romana e a ideia da
abóbada encontra-se tão firmemente gravada em minha mente que mesmo quando não possa empregá-la
está sempre presente e aparece para mim como a forma mais adequada. E entendo que a luminosidade
deve partir de um ponto elevado, que é onde a luz alcança seu apogeu."

Comentário em nome do grupo: Danielle Cunha, Eduardo K. , Ezequiel Jacques, Leonam Pereira, Letícia Weijh, Paulo Giacomelli

FONTE: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/382

Teoria e Estética II disse...

A tipologia é um conceito importante na teoria de Aldo Rossi. Mas qual é exatamente o seu papel face aos demais elementos primários? O que é, como atua, o que representa?

Anônimo disse...

Na teoria construída por Aldo Rossi, no livro A Arquitetura da Cidade, a cidade é analisada pelo autor através de uma separação de partes autônomas que desempenham papéis complementares: o tecido urbano repetitivo das residências e a individualidade dos dos elementos primários.
A individualização dos elementos primários é feita por muitos aspectos, como o caráter público/privado, caráter histórico/monumental, o papel que sua forma desempenha para os habitantes daquela cidade.
Nas palavras do autor, eles são "aqueles elementos capazes de acelerar o processo de urbanização de uma cidade e, referindo-se a um território mais amplo, dos elementos caracterizantes os processos de transformação espacial do território. Eles agem quase sempre como catalizadores".
Aldo Rossi mantinha a teoria de que a cidade começava com um ponto, um elemento primário, um "fato urbano", e que ao redor dele crescia o tecido urbano costurando os espaços vazios entre os elementos primários. O fato urbano também era reconhecido no projeto de uma cidade: "afirmo agora – acrescenta Rossi – que considero o plano um elemento primário, da mesma forma que um templo ou um forte".

A tipologia nos elementos primários pode ser vista como a linguagem com a qual estes elementos dialogam com a sociedade através das épocas. Ela exerce uma grande influência sobre a formação de civilizações e perpetuação de vícios e virtudes do povo.
Os elementos primários são símbolos presentes no imaginário de uma cidade e se comunicam diretamente com seus habitantes, lembrando diariamente a história de um povo, suas conquistas e suas derrotas, assim como a defesa de um modo de ser.

Na arquitetura nazista temos um exemplo claro e conhecido de como a tipologia influencia ou pode ser influenciada por um pensamento, para passar uma mensagem ao inconsciente da população. É uma arquitetura opressora, que demonstra poder, quase uma fortaleza. O governo tinha, com esta tipologia, o objetivo de mostrar o seu poder irredutível.

Na cidade modernista encontramos um exemplo disto também. As rodovias, projetadas monumentalmente, como o nome do Eixo Monumental de Brasília nos sugere, pode ser considerada um fato urbano, pela sua importância e papel desempenhado na cidade, e passa a mensagem equívoca de um futuro brilhante: todos, no futuro, teriam automóvel. Ela representa o avanço e prosperidade na concepção de progresso da época. Hoje elas permanecem e são um convite diário a reflexão de como chegamos até aqui.

Um trecho do prefácio do livro "Arquitetura da Cidade", escrito por Aldo Rossi, exemplifica a influência das tipologias sobre a conduta e construção identitária de uma nação:

"Refiro-me aos assentamentos e às cidade de colonização iniciadas pela Europa, principalmente depois da descoberta da América. Sobre esse tema há pouca coisa. Freyre, por exemplo, trata da influência de certas tipologias edificatórias e urbanas levadas ao Brasil pelos portugueses, e de como estas eram estruturalmente ligadas ao tipo de sociedade estabelecido no Brasil. A relação entre família rural e latifundiária da colonização portuguesa no Brasil, confrontada com a teocrática idealizada pelos jesuítas e com a espanhola e a francesa, tem uma enorme importância na formação da cidade da América do Sul. Percebi que esse tipo de estudo, pode dar uma contribuição fundamental ao próprio estudo das utopias urbanas e da constituição da cidade, mas o material que possuímos ainda é demasiado fragmentário."

A tipologia também exerce o papel de esclarecer para um forasteiro sobre a função de um prédio, sobre como chegar a algum local na cidade a partir de padrões conhecidos do insconsiente coletivo, estabelecendo pontos chave para entender uma cidade.

Comentário em nome do grupo: Gabriela Zanin ,Giana Flores da Rocha, Rafaela Brando Xavier, Samuel Jachetti

Grupo 3: Bruno Paz, Cila Brum, Fernanda Moreira, Marina Müller, Janynne Meneghetti e Paula Sassi disse...

A análise proposta por Rossi fundamenta-se na compreensão histórica da realidade urbana, de qualquer modo, trata-se de algo elaborado e constituído, que perdura e que se impõe como marca constante e determinável de um lugar. Sustenta que a compreensão da cidade passa pela consideração de que no interior de uma estrutura urbana pode existir elementos capazes de acelerar ou retardar o desenvolvimento urbano. O diagnóstico da cidade pressupõe, segundo esta teoria, o isolamento e a classificação dos fatos urbanos presentes na área.

Arquitetura e cidade são conceitos que devem, necessariamente, ser pensados conjunta e integradamente. Ao longo da história e em todas as culturas, a arquitetura configurou a cidade como manifestação física dos homens habitando em sociedade. Os espaços urbanos transcendentes, espontâneos ou planejados, foram sempre configurados pela arquitetura subordinada à estrutura maior da cidade. A visão da dimensão urbana deste fenômeno resulta essencial para a definição da própria arquitetura e afeta ou influência diretamente a tipologia e o tecido urbano como um todo.

No entanto a cultura da modernidade, em parte, no início do Século XX, provocou uma ruptura na relação entre arquitetura e cidade com a substituição do conceito de espaço urbano pelo de objeto isolado, modificando padrões. O edifício-objeto abstrato tornou-se modelo de urbanização alternativo à cidade constituída por um sistema hierarquizado de espaços que possibilitam a vida social. A crítica desse modelo, na segunda metade do Século XX, revalorizou as estruturas históricas de configuração civilizada.

A exemplo, no caso das cidades brasileiras, as leis que regulam até hoje o desenvolvimento urbano continuam atreladas ao conceito de edifício-objeto, com normas de edificação abstratas baseadas em indicadores que pouco tem a ver com a realidade efetiva de construção do espaço urbano. Entre a legalidade abstrata e burocrática e a especulação imobiliária, as cidades brasileiras deixam de ser, a cada dia, efetivas cidades. O espaço histórico de convivência social transforma-se em estruturas fragmentadas, segregadas e excludentes, atreladas a leis de uso e ocupação do solo que pouco tem a ver com a realidade existencial do fato de habitar em comunidade e com a construção efetiva de uma paisagem urbana que possibilite uma vivência social estimulante e civilizada. As cidades brasileiras perderam o senso de urbanidade e isso resulta evidente na violência e marginalidade que oferece um sistema excludente materializado por arquiteturas que pouco contribuem para a celebração da vida social e para a apropriação efetiva dos espaços públicos.

Grupo 3 disse...
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Teoria e Estética II disse...

Na arquitetura clássica, a monumentalidade estava associada ao uso das ordens. Os modernistas dos anos 1920, vide o caso do De Stijl, pleiteavam uma arquitetura anti-monumental. No brutalismo a questão da monumentalidade é reproposta em outros termos. Pensando nas propostas de Kahn e Rossi, como é possível manifestar uma arquitetura monumental sem ordens?

Augusto Tumelero disse...

ldo Rossi considerava “os monumentos, signos da vontade coletiva, expressos através da arquitetura”, conceito este próximo ao de Lúcio Costa, onde defendia a monumentalidade “Não no sentido da ostentação, mas no sentido a expressão palpável, por assim dizer, consciente aquilo que vale e significa”, ou seja, caberia ao arquiteto-urbanista conferir ao real os valores simbólicos ou míticos dos espaços. Considerando que esta vontade subentende os valores e ritos cívicos, sociais, sagrados ou mágicos de uma população.
Já Louis Kahn tinha uma visão mais poética do monumental, trazendo-o para o nível do inconsciente ou mesmo do transcendental: “...A monumentalidade é enigmática. Ela não pode ser intencionalmente criada. Nem o material mais caro nem a tecnologia mais sofisticada precisam ser utilizados em uma obra de caráter monumental...”. Seus edifícios em Dacca mostram que a tecnologia e os materiais realmente são artesanais mas neles podemos ler claramente a intenção do arquiteto “imbuído de dignidade e nobreza de intenção” de chegar ao monumental.

Teoria e Estética II disse...

A expressão de uma arquitetura monumental via de regra provém de experimentos originalmente brutalistas que reencontram na simetria (rebatimento axial) de plantas e fachadas o amparo de alguma regra onde não deveria existir existe regra nenhuma. Para os brutalistas o sistema seria a regra, só que para alguns insuficiente. Dessa forma, o apelo à simetria, particularmente nas obras de Aldo Rossi, oscila entre o onírico e o fantasmagórico, como nos quadros de De Chirico. Você concorda com este ponto de vista ou acha que isto pode ter outra explicação?

Isadora Wagner Corte Real disse...

Assim como Rossi, o pintor não coloca o ser humano em primeiro plano (em suas obras não costuma sequer mostrar a figura humana), por este motivo, podem parecer fantasmagoricas. Em muitos outros aspectos o arquiteto e o pintor se assemelham: focam na simetria, resgatam formas basicas, utilizam cores marcantes e o alvo principal de suas obras a arquitetura por si só (criando essa paisagem onirica,sem o ser humano). Assim como Giorgio de Chirico, Aldo Rossi utiliza a metafisica em seu embasamento na sua arquitetura e na sua teoria. É claramente observada em um de seus projetos, o cemitério de Módena, no qual a rígida simetria nasce como a pintura metafisica do pintor Chirico, buscando “uma unidade, ou num sistema, feito unicamente atréves de fragmentos reagrupados” – Aldo Rossi.

Sila disse...

A arquitetura de Aldo Rossi valoriza as preexistências e evoca a cidade como lugar da memória coletiva e, ao usar geometrias como a arcada, o frontão e a praça, retomava a monumentalidade clássica. O apelo à simetria e o uso de formas simplificadas remetem ao passado em uma busca pela atemporalidade que aproxima a arquitetura de Rossi da arte de De Chirico, conferindo-as uma face metafísica. Rossi critica o que ele chama de funcionalismo ingênuo, assumindo que o tipo arquitetônico é atemporal, diferentemente dos programas funcionais aos quais são associados quando construídos. Dessa separação resulta uma sensação urbana de vazio e ausência, assim como nas pinturas de De Chirico, onde colunas, torres, praças e monumentos neoclássicos configuram espaços vazios e misteriosos. Os desenhos feitos a mão são uma característica marcante na obra de Rossi, sendo ricamente ambientados e frequentemente melancólicos assim como as pinturas de De Chirico. O caráter fantasmagórico que aproxima as duas obras se dá no sentido da ruína. Rossi dizia que a unidade existia através de fragmentos reagrupados. Esse pensamento é fruto do período em que ficou hospitalizado por consequência de um acidente de carro e começou a teorizar sobre a estrutura do corpo. Essas referências são bem exemplificadas no cemitério de San Cataldo, obra de Rossi que faz referências claras ao antigo mausoléu oitocentista e que se assemelha às paisagens melancólicas das pinturas de De Chirico.

Anônimo disse...

Rossi foi um dos fundadores do movimento italiano neo-racionalista e tem como ponto de partida sua pesquisa e produção a cidade existente.Um dos eixos principais de seu pensamento, além da sistematização de uma ciência urbana, é o estudo das tipologias formais das cidades, sendo que a questão da memória é de extrema importância na sua teoria da arquitetura.

Em A Arquitetura das Cidades (1966) Rossi explica o seu entendimento de arquitetura como expressão de influências passadas:  "A cidade é a memória coletiva dos povos; e como a memória está ligada a fatos e a lugares, a cidade é o "locus da memória coletiva”. Dá grande valorização à memória do lugar, e afirma a necessidade de estudo do lugar, para a implantação de um novo projeto que valorize suas características culturais. Critica as práticas modernistas de negação do precedente, valorização do espaço em detrimento da valorização do lugar, a destruição da memória pra implantação do novo, onde a função atua estratificando a estrutura urbana, ao passo que desconsidera os fatos sociais, entendido no amalgama cultural e identitário da cidade. Na sua concepção a cidade não é estática, ela não se constrói em um dado momento e sim nas suas transformações: “a hipótese da cidade como artefato, como obra de arquitetura ou de engenharia que cresce no tempo”.

Inclusive, Rossi confere a essa relação a rejeição popular ao movimento Modernista, que não propôs uma construção em cima das referências, da memória e da identidade existentes, impondo uma nova realidade não consolidada pela construção da sociedade. Rossi cita que em tudo é necessário um antecedente, o que afirma novamente sua preocupação na manutenção da característica do lugar, dos costumes, das formas de construção comuns e vernaculares; daí o que ele relaciona enquanto uma arquitetura produzida analogicamente. Rossi, em sua teoria não incentiva a cópia, mas sim o uso de características tipológicas, num conceito de “Cidade Análoga”; forma segue memoria, que na sua compreensão estaria sintetizada nos elementos puro-formais dos arquétipos tradicionais, como o pórtico, o frontão, as colunas, a galeria, o quadrado, o triângulo, a circunferência, o cone.

Para ele os elementos primários são de caráter decisivo na formação e na constituição da cidade; este caráter decisivo é elevável também a partir do seu caráter permanente, e entre os elementos primários o monumento desempenha um papel particular, cujo posicionamento configura as demais edificações.

Teoria e Estética II disse...

Uma das coisas mais fascinantes da arquitetura de Louis Kahn é a aproximação de elementos de alta tecnologia com temas geométricos arcaizantes. Não é um historicismo de fato porque não há um estilo buscado, mas a aproximação oportuna com um passado genérico e indefinido. Você concorda com este ponto de vista? Que exemplos seria possível arrolar neste sentido?

Sabrina da Costa Hennemann disse...

De uma maneira sintética, podemos afirmar que a obra de Louis Kahn retoma alguns elementos precedentes da arquitetura de forma inovadora e sem levá-lo ao historicismo. Sabe-se que ele era fascinado pela experimentação de materiais e dedicava muito de seu tempo, justamente, estudando e buscando soluções que aliassem um aspecto formal simples a uma tecnologia nova. Muitos de seus projetos combinam a experimentação de materiais lado a lado, usados para despertar algum sentimento em quem as contempla ou as utiliza. Por exemplo, a tensão gerada pelo fio da água no Salk Institute justaposto ao mármore, que conduz o olhar do observador ao oceano.
Ainda, em se tratando de seu histórico, Louis Kahn foi arquiteto residente na American Academy em Roma e, portanto, durante esse período teve grande contato com obras de extrema importância arquitetônica. A partir disso, muito se observa em sua obra a presença de formas sólidas, presentes na arquitetura clássica, compostos com materiais duráveis.
Portanto, percebe-se a conexão entre a herança da composição histórica, através das formas geométricas e as composições entres essas formas, junto ao seu estudo e exploração da sua questão contemporânea, a possibilidade de explorar novas soluções tecnológicas.

Ana Clara da Silva, Bruna Pisoni, Debora Boniatti, Luzia Zalamena, Milene Junges, Marina Luz, Sabrina Hennemann